Coberturas

Livro analisa a presença de elementos jurídicos nas produções do cinema

Cinema

Leitura MegaStore do Pátio Savassi, 18/11/2013
Por Vitor Cruz

 

“Direito e Cinema” reúne diversos artigos acadêmicos sobre a aplicação da lei em diferentes situações da ficção

 

Profissionais e estudantes de Direito, além dos amantes da sétima arte, têm uma oportunidade de entender um pouco mais sobre as relações jurídicas nos filmes. Foi lançado na segunda-feira (18), o livro “Direto e Cinema” (Arraes Editores), na Leitura MegaStore do Pátio Savassi, obra organizada pelos professores José Luiz Quadros e Juliano Napoleão Barros e que apresenta uma série de artigos acadêmicos sobre a presença de elementos jurídicos nas narrativas cinematográficas.

 

Do entretenimento ao relato de acontecimentos históricos e personalidades marcantes, o cinema tem sido, ao longo dos anos, uma das formas de expressão artística mais originais. A imagem, a cor, a trilha sonora, os diálogos entre outros elementos representam novas possiblidades de comunicação e podem aguçar vários sentidos de quem assiste a um filme. “O uso do cinema para pensar o Direito envolve assuntos diversos, como política, história, psicanálise entre muitos outros”, aponta José Luiz Quadros.

 

Curiosamente, aplicar as teorias e práticas do Direito também está presente em filmes que não lidam, necessariamente, com o senso de justiça. Caso de “O Mágico de OZ” (1939), baseado no livro homônimo de L. Frank Baum. O artigo assinado pelo professor Juliano aborda a metáfora da ideia de justiça, teorizada por Platão. Quando Dorothy, protagonista da história, conhece o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata, ela se depara com a Temperança, representada pelo Homem de Lata; a Coragem, que fica a cargo do Leão; e a Sabedoria, que cabe ao espantalho.

 

De acordo com Juliano, a proposta do livro é fazer com que os leitores possam perceber o Direito para além do conceito jurídico e que a vida é permeada por questões legais e jurídicas. “Existem diferentes abordagens da relação entre o Direito e o Cinema. Os artigos que reunimos se destinam a enxergar o Direito para além dos códigos, além da legislação. A proposta é entender o Direito, na vida das personagens desses filmes, como exercício de percepção doDireito na vida das pessoas reais”, disse.

 

“O Processo” (1962), adaptação do romance de Franz Kafka, e dirigido por Orson Welles, é outra obra analisada em Direito e Cinema. O filme conta a história de Joseph K, cidadão comum que um dia é acordado por um inspetor de polícia que lhe informa que está preso, mas não o leva sob custódia. A partir daí, Joseph tenta entender os motivos de sua acusação. Assinado pela professora de Teoria da Justiça e História do Direito, Mônica Sette Lopes, o artigo se baseia nas concepções de justiça e injustiça.

 

“Esse artigo fala muito sobre o conflito, algo que é matéria prima do Direito. Evitá-lo. Dar solução quando ele acontece. Isso tudo faz parte da experiência do Direito. Essa comparação entre o Direito e Arte, tem sempre no conflito, e na vivência dele, um canal de interseção muito importante. Quando nós exploramos nosso objeto de estudo em qualquer manifestação artística, o entendimento fica mais claro”, explicou Mônica. A professora também analisa as relações conflituosas presentes em Crash – No Limite (2005), de Paul Haggis.

 

“Direito e Cinema” é fruto de reflexões construídas no projeto Cinema em Tela, organizado pelo professor Juliano Napoleão, na Faculdade de Direito da UFMG. De 2008 a 2012, acadêmicos, profissionais e estudantes se reuniam para assistir aos mais variados filmes, e discutir, teorizar e entender as relações distintas presente nas tramas e como elas poderiam ser aplicadas nas mais diferentes situações. 

Fotos: Vitor Cruz
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