Eventos

Show: Banda Cálix

Rua da Bahia, 2244, Lourdes

Teatro Bradesco - BH

Ingressos: R$50,00 (inteira) R$25,00 (meia)

Às 21:00 horas


 

Um ser que se move, vai em frente. Não há espaço pra outra imagem, quando o nome caminhante é dito, escrito ou brota em pensamento. Não permite qualquer desvio de interpretação. É direto, sonoro, um sopro adiante. Como o mais novo trabalho do Cálix. Ainda que o primeiro e verdadeiro sopro, em música e letra, pareça mais o anúncio de uma tormenta. No caso, Barco a vela, faixa que abre o disco. Só uma pista de que, por pior que sejam as agruras e vulnerabilidade de um incansável viajante, longe de terra firme as fragilidades humanas ficam ainda mais expostas. “Mar em fúria, pouca sorte.”

Verdade é que o Cálix sempre foi o condutor do seu próprio rumo. Nunca entregou a nau ao destino. Seja navegando pelas Canções de Beurin(2000), que marcou sua estréia em disco ou fazendo A Roda(2002) girar em uma nova direção, pra longe do “continente do rock progressivo”, onde quase sem querer o quinteto acabou aprisionado nos primeiros anos. A necessidade de se rotular um grupo de rock, com seus ricos temas e passagens instrumentais, tendo como frontman um vocalista e flautista (sim, nos moldes do Jethro Tull) e que ainda chegou a abrir show dos holandeses do Focus, não deixava o campo muito aberto pra outra classificação. Despontava um novo e promissor nome do rock progressivo made in Gerais, certo? Errado. Nascia uma banda com passos seguros no chamado rock clássico. E que incluiria em seu longo trajeto (lá se vão duas décadas de estrada!) uma vasta paisagem sonora, mesclando, em uma mesma visão/audição, aquele Terço que comporta 14 Bis e Deep Purple, Beatles e Sagrado Coração da Terra, Clube da Esquina e outras mil coisas, daqui e de lá. Música popular mineira, brasileira, universal.

Um calejado caminhante sabe como poucos usufruir de tamanha liberdade. Como nos versos da faixa-título: “Não vá duvidar de onde quer chegar. Tudo está em seu lugar. O que foi e o que será.” E é exatamente o que o quarteto experimenta nesse novo disco, lançado quase dez anos após seu terceiro trabalho - o cd e dvd Ventos de Outono(2007). Não estar preso a contratos com gravadoras desobrigou o grupo de compor sobre pressão pra lançar discos em formatos e períodos pré-estabelecidos. Pra compensar esse excesso de liberdade e não deixar a caminhada sem rumo ou objetivo, foi preciso investir em disciplina. Mantendo uma rotina de encontros pra investirem nas novas composições, os integrantes trabalharam as 11 faixas dessa nova perna da viagem, em um estúdio, no Morro do Chapéu, nos arredores de BH, alternando as passadas entre o inglês e o português. Podendo se dar ao luxo de encerrar a jornada com um tema instrumental com título em espanhol – Passeo por los campos de mays. Seria um rock progressivo, de curta duração (04:29)? Ou um sonho delirante com a concisão de uma pop song?

Um caminhante costuma carregar uma bagagem de vida que ninguém vê. Afinal, seria ele um andarilho, um trabalhador, um sonhador, um fugitivo? Ou um pouco de tudo isso? O Caminhante do Cálix cabe tanto na imaginação de quem ainda está sonhando dançar com Devas, quanto na dos possíveis (e bem aventurados) novos seguidores que precisam estar prontos pra caírem até mesmo em uma Valsa Pagã. Com merecido repouso ao som da balada folk Sempre Assim. E um belo convite à contemplação feito em Não Vou Além. Na condição de novo ou velho seguidor, vale praticar a heresia de ouvir Magic Summer, como se fosse Belle & Sebastian. Ou procurar porções do Fab Four e do Eagles, em Go For It. Quem sabe, ainda levitar com a floydiana Can You See It. “Hey, can You feel It? Can you hear It?” (I

hope so). Ter que escolher entre a tristeza ou felicidade da vida, em um rock como Duality, também será sempre um convite à segunda opção.

Cada um que use seu leque pessoal de referências pra tentar decifrar os diferentes trechos percorridos por esse organismo vivo cheio de histórias, notas, acordes e segredos, traduzidos em música de ontem, hoje e sempre, aliás, o que melhor define algo ou alguém que está em progressão, caminhando sem parar.

Cálix é:

André Godoy – bateria e percussão
Marcelo Cioglia – baixo e voz
Renato Savassi – flauta, violão, bandolim, clarineta e voz
Rufino Silvério – piano, teclado, escaleta e voz
Sânzio Brandão – guitarra e violão.
O Disco “Caminhante” foi produzido por César Santos e Cálix e gravado em fevereiro de 2016 no Morro do Chapéu/MG.

Foto: Felipe Temponi


Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.