Eventos

Exposição “Mais Do Que Araras”

Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro - BH

Galeria GTO – Sesc Palladium

Entrada Franca

de 9 de agosto a 1 de outubro. Terça a domingo, das 9h às 21h


"O mito da tropicalidade é muito mais do que araras e bananeiras: é a consciência de um não condicionamento às estruturas estabelecidas, portanto, altamente revolucionário na sua totalidade". A frase é do artista carioca Hélio Oiticica, autor da instalação “Tropicália”, que completa 50 anos em 2017. Icônica a ponto de nomear o movimento artístico que explodiu com Caetano, Gil e companhia, a obra expandiu o conceito de arte e participação, deslocando o espectador de um lugar de fruição apenas contemplativo. Muitos artistas brasileiros também se enveredaram pelos mesmos caminhos de Oiticica e Lygia Clark, sem conseguirem, porém, o devido reconhecimento. Foi pensando nisso que o premiado curador Raphael Fonseca idealizou a exposição inédita “Mais Do Que Araras”, que acontece em Belo Horizonte, no Sesc Palladium, entre 8 de agosto e 1º de outubro.

Com entrada franca, a mostra ocupa a Galeria GTO com obras de 14 artistas de diferentes estados brasileiros, produzidas entre as décadas de 1960 e 1980 – ou seja, contemporâneos de Oiticica e Clark que também atravessaram, por meio da arte e da contestação política, os duros anos de chumbo. Ao todo, “Mais Do Que Araras” conta com 31 trabalhos que se amarram pelo eixo curatorial da arte participativa, de nomes como Anna Bella Geiger (RJ), Carlos Vergara (RJ), Edinízio Ribeiro Primo (BA), Neide Sá (RJ), Torquato Neto (AL) e Vera Chaves Barcellos (RS). A jovem artista Daniela Seixas completa a lista, mostrando como o peso histórico da Tropicália segue inspirando a criação contemporânea.

Vencedor do 5º Prêmio Marcantonio Vilaça, em 2015, o carioca Raphael Fonseca utilizou três linhas temáticas para a curadoria: a crítica em torno do estereótipo da tropicalidade e da identidade brasileira; a atenção dada ao corpo ativo para além da noção de espectador; e o interesse em obras que se encontram no limite entre a poesia e as artes visuais. Um dos objetivos da mostra, segundo o curador, é questionar a hegemonia da região Sudeste na história da arte no Brasil, por isso a escolha de artistas de vários estados. “A institucionalização desses agentes é assimétrica e demonstra a precariedade e a necessidade de mais pesquisas em torno dessa geração de artistas. Enquanto alguns têm uma produção sólida e reconhecida, outros ainda são vistos como fenômenos de atuação local e urgem por serem inseridos em narrativas mais abrangentes”, defende Fonseca.

Assim como Oiticica, os artistas selecionados trabalham com a ideia da interação do público com as obras de arte. O convite, então, é para que os visitantes criem conexões com as criações expostas na mostra. “Esperamos que as pessoas percorram o espaço da Galeria GTO e criem suas conexões formais, poéticas e temáticas entre imagens e diferentes anseios existenciais por parte desses artistas atuantes no Brasil, que nos ensinam que o fazer artístico durante esse período histórico era muito maior do que qualquer tropicalidade panfletária colorida contida nas figuras das araras”, defende o curador.

Ao promover e sediar a exposição, o Sesc em Minas reforça mais uma vez o compromisso de promover as manifestações artístico-culturais nacionais e de oferecer uma programação de qualidade, articulando ações de reflexão e formação a partir das mais diversificadas experiências estéticas e de um amplo trabalho de mediação cultural para públicos diversos. “A Galeria de Arte GTO, do Sesc Palladium, tem como proposta ser um espaço democrático que recebe periodicamente mostras de arte de artistas consagrados e de novos talentos, valorizando a produção de artes visuais mineira e nacional. A exposição ‘Mais Do Que Araras’ reafirma a proposta curatorial do espaço, apresentando ao público artistas ligados à Tropicália, cujas produções influenciam a arte brasileira até os dias de hoje”, afirma a gerente de cultura do Sesc, Eliane Parreiras.

Programação paralela

Compondo a programação paralela da exposição “Mais Do Que Araras” serão oferecidas diversas atividades gratuitas nos espaços do Sesc Palladium, como o bate-papo com o curador Raphael Fonseca e com os artistas Anna Bella Geiger e José Ronaldo Lima (MG), que acontece no dia 11 de agosto, às 19h30. Professora da escola de arte Parque Lage, a carioca, hoje aos 84 anos, é uma das maiores expressões vivas da arte contemporânea dentro do contexto da Tropicália. Ela também participa uma leitura de portfólio, no dia 12 agosto, quando conversará com artistas previamente selecionados sobre seus trabalhos, propondo reflexões sobre as artes visuais, através de sua ótica e experiência.

Já José Ronaldo Lima foi uma acertada descoberta das pesquisas de Fonseca sobre expoentes tropicalistas em BH. Com trabalhos de 1969 expostos no Museu de Arte da Pampulha (MAP), o mineiro embarcou na arte participativa criando obras que brincam com o olfato e o tato. Segundo o artista, alguns trabalhos se perderam no MAP e estão sendo recriados para a exposição. No bate-papo, Lima e Geiger falarão sobre seus processos criativos e vivências artísticas.

No dia 19 de agosto, haverá um encontro com professores guiado pelos artistas/educadores Alison Rosa Loureiro e Fabíola Rodrigues. O objetivo é acolher profissionais que estejam interessados em um dia de imersão nas obras de “Mais Do Que Araras”, instaurando um ambiente de escuta, toque e olhar para o lugar da criação na prática educativa. Para fechar a programação, a artista Daniela Seixas ministra o workshop “Quer Que Eu Desenhe? O Que É Preciso Dizer Várias Vezes”, em que propõe um diálogo com o público onde desenho, escrita e interferência da palavra serão pensados juntos a um duplicador analógico (mimeógrafo), dando forma a pequenas publicações realizadas pelo grupo.

‘Me Molde’

Além das atividades paralelas da exposição, o Sesc Palladium recebe a instalação “Me Molde”, do paraibano Martinho Patrício. Também focada no conceito de arte e participação, a obra fica exposta no foyer, pelo Projeto Desvios, entre os dias 8 de agosto e 17 de setembro. Trata-se de um conjunto de mesas desenhadas pelo artista onde o público pode participar ativamente a partir de recortes coloridos de tecido. Cada pedaço contém uma série de botões de pressão e o público pode tanto desenhar a partir de cada tecido, quanto também uni-los e fazer uma peça maior, que pode inclusive ser vestida.

Artistas da exposição “Mais Do Que Araras”

Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro – RJ)
Carlos Vergara (Rio de Janeiro – RJ)
Edinízio Ribeiro Primo (Vitória da Conquista – BA)
Falves Silva (Natal – RN)
Jomard Muniz de Britto (Recife – PE)
José Ronaldo Lima (Belo Horizonte –MG)
Letícia Parente (Rio de Janeiro – RJ)
Mario Ishikawa (São Paulo – SP)
Neide Sá (Rio de Janeiro – RJ)
Raymundo Colares (Grão Mogol – MG)
Regina Silveira (São Paulo – SP)
Regina Vater (Rio de Janeiro – RJ)
Torquato Neto (Teresina – PI)
Vera Chaves Barcellos (Porto Alegre – RS)
Daniela Seixas (Rio de Janeiro – RJ)

Foto: Diana Tamane


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