Eventos

Café Controverso: Cultura Hacker e Política

Praça da Liberdade, 700 - Funcionários - BH

Espaço do Conhecimento UFMG

Entrada Franca

Às 11h - Dia 23 de agosto


 

O termo “Ética Hacker”, cuja criação é atribuída ao jornalista Steven Levy, autor do livro Hackers: Heroes of the Computer Revolution, refere-se ao conjunto de valores filosóficos que guiam as ações da comunidade hacker. A visão é norteada principalmente pelo princípio do livre acesso à informação. Em um contexto em que o ciberativismo se faz cada vez mais presente, com a apropriação dos meios tecnológicos como uma das formas de exercício da cidadania, como a cultura hacker pode interferir na política? As questões levantadas serão debatidas no Café Controverso de sábado, 23 de agosto, com o tema “Cultura Hacker e Política”, que conta com as presenças de Raquel Camargo, integrante do grupo Transparência Hacker e proprietária da Lhama.me, e de Carlos Henrique Falci, professor da Escola de Belas Artes da UFMG. O evento é aberto ao público e acontece a partir das 11h, na cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG.

 

Um dos casos mais emblemáticos do hackerativismo brasileiro foi a “clonagem” do Blog do Planalto, criado pela equipe do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de estabelecer um canal de comunicação permanente com a população. Entretanto, a página não permitia comentários, o que fez com que Daniela Silva e Pedro Markun criassem uma “cópia” do blog, com os mesmos textos que estavam publicados no site original, porém abertos à interação dos leitores. O material estava sob a licença Creative Commons, o que significa que a cópia do conteúdo estava previamente autorizada, desde que fossem dados os devidos créditos. O caso ajuda a compreender alguns dos princípios desse tipo de ativismo e demonstra que a prática hacker não requer, exatamente, um conhecimento avançado de programação.

 

Conforme explica Raquel Camargo, integrante do grupo Transparência Hacker, do qual Pedro Markun é um dos fundadores, o termo “hackear” significa “reapropriar, tornar de acesso público o que é de direito e é comumente tratado como bem privado”, diz. A ativista contextualiza e ajuda a desmistificar a imagem que as pessoas comumente fazem do hacker: “Nenhuma das nossas ações é ilegal. O que fazemos é criar pontes, canais para que as pessoas acessem informações ou serviços que deveriam estar ao alcance de todos”. Segundo ela, a Lei de Acesso à Informação (LAI), criada em 18 de novembro de 2011 com o propósito de garantir o direito ao acesso a informações detidas pelo Governo, ainda encontra entraves para o seu cumprimento pleno – a maior parte de ordem técnica. “Hoje os governos disponibilizam dados e informações em PDF, mas é complicado porque você não consegue trabalhar as informações que estão na imagem. Então desenvolvemos formas de ler estes dados, mas é um processo longo que poderia ser facilitado se as mesmas informações estivessem em outro tipo de arquivo”, conta.

 

Raquel pondera que atualmente a prática do hacker está muito associada à denúncia de questões como o mau uso do dinheiro público, entre outras, mas vê um horizonte em que a tendência é de ações propositivas, que desconstruam as barreiras.

 

“A atual etapa é mais fiscalizadora, o que, acredito, pode mudar na medida em que os próprios governos tendem a trabalhar numa lógica de maior transparência e participação social”, conclui.

 

Quebrando o código

O professor Carlos Henrique Falci, da Escola de Belas Artes da UFMG, faz uma análise do papel do hacker e do ciberativismo. “Quando o hacker surge, ele é o sujeito que descobre o código e o quebra, liberando os dados para a utilização de todos. Hoje, em alguma medida, o ciberativismo precisa manter este espírito”, diz.

 

De acordo com Falci, o “quebrar o código” não está necessariamente ligado à ideia de expor as pessoas, mas sim de trazer à tona questões de interesse público, que nem sempre estão acessíveis. Ele reforça ainda que, tão importante quanto conhecer a informação, é saber quais processos conduziram seu desenvolvimento.

 

“As pessoas não têm a menor ideia de como a informação é construída, e isso é crucial, porque nos faz pensar sobre a própria prática jornalística: o que faz de alguém uma fonte? Como se chega a isso?”, provoca. Ainda de acordo com Falci, essa quebra de barreiras faz com que as pessoas percebam que a construção do discurso não é um oligopólio, algo destinado a poucos privilegiados. “Fomos ensinados a acreditar que a produção da informação é algo para poucos, e isso deseduca, amedronta as pessoas”, afirma, enfatizando o papel do ciberativismo na desconstrução de determinados mitos.

 

Café Controverso

O conhecimento raramente passa pelo consenso e sua construção se faz, sempre, pelo diálogo. Nos Cafés Controversos, os temas são amplos e diversificados, e não se detêm aos tratados no interior do Espaço do Conhecimento: abordam diferentes setores da cultura, das artes e da ciência. Um espaço de debate e troca de ideias e perspectivas.

 

O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes através da utilização de recursos museais. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a operadora TIM e a UFMG e conta com o apoio da Rede de Museus e Espaços de Ciências e Cultura da UFMG.


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