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Espetáculo - "Talvez eu me despeça" em BH

Rua Pitangui, 3613 - Horto - BH

Galpão Cine Horto

Mais informações:(31) 3481 5580

R$30 e R$15

Sexta, sábado, 20h, e domingo 19h


 

Após turnê em Portugal, dentro da programação do Fita - Festival Internacional de Teatro do Alentejo -, "Talvez eu me despeça" faz curta temporada, dias 10, 11 e 12 de junho, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3613 - Horto. Informações: 31 3481 5580). Sexta e sábado, 20h, e domingo, 19h. Ingressos a R$30 e R$15. 


Venda antecipada pela internet, no site do sympla: sympla.com.br/galpaocinehorto, ou na bilheteria do teatro, 2 horas antes do início do espetáculo. Duração: 60 minutos. Gênero: Teatro Documentário. Classificação indicativa: 12 anos. Esta temporada é uma contrapartida ao apoio cultural do BDMG para a participação do espetáculo no Festival Internacional de Teatro do Alentejo, em Portugal, com apresentações em Beja, Grândola, Évora e Vila de Santo André.


O espetáculo tem como fio condutor a ausência da atriz Cecília Bizzotto, assassinada em 2012, durante um assalto. No palco, Beatriz França tece uma homenagem à amiga, através de um trabalho que adentra essa memória e leva à reflexão sobre a finitude das relações humanas, a impossibilidade de se despedir, a solidão e o risco que permeia a arte e a vida.
Com direção de Ludmilla Ramalho, a proposta traz para cena uma inusitada festa de despedida, na qual Bião, assim como era chamada pela amiga e companheira de palco, convida o público a encarar o equilíbrio frágil da vida, compartilhando lembranças que emergem de objetos, fotos, vídeos, mímeses corporais, cartas de familiares e amigos próximos de Cecília(ou Ciça, como era chamada pelos amigos).
Compõe o cenário uma máquina de lavar, com centenas de peças de roupas, acumuladas ao seu redor e espalhadas pelo palco, que trazem rastros de história, memória, afeto - uma forma de dizer que, apesar da morte, a vida segue, as roupas se acumulam e uma hora precisam ser levadas. As peças foram adquiridas em brechós ou doadas por amigos próximos. O Cenário e figurino são de Ana Luisa Santos.


TEATRO DOCUMENTÁRIO
"São cinco e meia da manhã. Desmaio na cama. Meia hora depois, meu telefone começa a tocar sem parar. Quando acordo, há várias ligações não atendidas e um susto no peito. Dois anos depois daquela madrugada, volto à cena para lembrar de uma amiga que não pôde se despedir."


A atriz Cecília Bizzotto foi assassinada em outubro de 2012,durante um assalto, a sua residência no bairro Santa Lúcia, em Belo Horizonte. A morte brutal causou grande comoção no meio artístico - além de muito querida, Cecília era envolvida em causas sociais, no ensino do teatro e no respeito às diferenças. 


Mas a homenagem não ganha linearidade no trabalho, propondo um mergulho de fragmentos poéticos, a partir da situação trágica.A Cia Afeta lança mão de referências do teatro documentário, experiênciamuito presente na cena contemporânea, e pesquisa o uso da realidade no teatro a partir de situações vividas pelos próprios atores. No caso de "Talvez eu me despeça", a performance leva a um desnudamento, no qual tudo que acontece em cena é real e traduzido em pequenos rituais festivos - afinal, a vida continua.


A dramaturgia também faz referências avisões ampliadas sobre a finitude das relações humanas que surgem no existencialismo da poesia de Shakespeare (1564-1616), assim como em aspectos da filosofia budista que se fazem presentes na obra do grego NikosKazantzakis (1883-1957).O universo shakespeariano permeia a história real de Cecília e Beatriz, que tiveram a amizade e projetos interrompidos.Depois de terem se dedicado por quase 10 anos à Companhia Lúdica dos Atores, grupo que pesquisava a obra de William Shakespeare, elas tinham artisticamente o desejo de experimentar novas possibilidades dentro da performance e do audiovisual - queriam se arriscar. Ambas já haviam encarnado no palco Ofélia, personagem de "Hamlet" que carrega a ideia de alguém que se arrisca, vai contra toda uma sociedade hierarquizada e cristã, e comete um suicídio, algo transgressor para a época e talvez ainda para os dias de hoje. Em "Talvez eu me despeça", a analogia poética de Ofélia reaparece: ao ousar ligar para a polícia na frente do ladrão, estaria Cecília vivendo uma grande cena? 


"O tiro. Ela não morreu de tiro. Morreu de susto. Ela, sozinha, e uma arma diante dela. Quando ela viu a bala saindo da arma, e ela entendeu que seria ali, ela pensou em tanta coisa. Pensou em tanta coisa que ela morreu de susto. Susto no peito. E o grito dela era a alma saindo, e se espalhando por aí. Quando a bala entrou, ela nem sentiu. Ela já não estava mais lá. Tinha saído. Sem se despedir."



MONTAGEM E MULTILINGUAGENS
A construção do espetáculo, que ganhou novos caminhos com um processo que incluiu pesquisas da dança-teatro, da música experimental e do teatro-físico, leva a essa busca de interseções entre vida, teatro, performance, instalação e documentário. "Foi preciso cuidado e muito afeto para adentrar em um tema que era forte para toda equipe: a morte, e agora a ausência, de uma grande amiga: Ciça Bizzotto. Talvez um dos grandes desafios desse trabalho éfalar de algo que nos toca tanto individualmente, sem deixar de universalizar a obra", definea diretora Ludmilla Ramalho.


De forma geral, a montagem foi concebida com a escolha de profissionais que tiveram envolvimento afetivo com o episódio ou que carregam características de trabalho que ampliam essa discussão, como Christina Fornaciari (direção de movimento) e Carlosmagno Rodrigues(criação de imagens eletrônicas),ambos amigos de Ciça, além da dramaturgia política e poética de Daniel Toledo e da trilhasonora experimental de Barulhistae de Patrícia Bizzotto.


O espetáculoalcançaoutras possibilidades de encenação com o uso dovídeo mapping, ferramenta já utilizada pela companhia em outras produções. Com esse recurso, enquanto a atriz/performer está em cena, vídeos criados pelo artista Carlosmagno Rodrigues são projetados na instalação-cenográfica, apontando lembranças e pensamentos da atriz Beatriz França, tornando o trabalho rico nos diálogos das multilinguagens. 

Foto: Divulgação


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