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Pela terceira vez consecutiva, a Fundação Clóvis Salgado traz a Belo Horizonte um recorte de exposições da 7ª edição do Festival de Fotografia de Tiradentes - Foto em Pauta. O público poderá conferir as exposições Oriente Risco, com obras de 17 profissionais residentes no Nordeste; e Dias Comuns, da mineira Paula Huven. Ao todo, 82 trabalhos, ocupam a CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais e retratam diferentes olhares capturados pela fotografia.

Com curadoria de Eugênio Sávio, organizador do Festival de Tiradentes, o recorte do Foto em Pauta que chega à CâmeraSete reúne olhares fotográficos distintos, exibidos em Tiradentes em março deste ano. As obras, ora utilizam a fotografia como suporte para um registro étnico e geográfico, revelando novos contornos da região Nordeste do país; ora se agarram à técnica para ressignificar individualidades de Paula Huven.

Para Eugênio Sávio, a parceria firmada com a Fundação Clóvis Salgado a partir de 2015 permitiu que a linguagem fotográfica alcançasse novos públicos. “Realizar o Foto em Pauta na CâmeraSete é uma grande alegria para nós, pois, com um espaço tão importante quanto a CâmeraSete, conseguimos ampliar a possibilidade de circulação do Festival, que sai de Tiradentes e vem para a capital. Ao mesmo tempo, com esse recorte, é possível mostrar a arte da fotografia para novos públicos”, explica.

Criação a partir da recuperação – Na exposição Dias Comuns, que tem curadoria de João Castilho, as fraturas e recomposições são o mote de um trabalho que reúne uma série com 22 fotografias acerca do cotidiano de Paula. Em 2015, a fotógrafa passou por um procedimento cirúrgico para retirada de um tumor no quadril. Foi a partir do repouso que Paula encontrou inspiração para iniciar esse trabalho.

A exposição conta com fotografias de objetos domésticos que dialogavam com o momento de recuperação em que a artista se encontrava. São imagens de plantas, ovos, massinha de modelar, louças quebradas e talheres, entre outros. Paula explica que passou a perceber esses pequenos objetos que se conectavam a própria situação que vivia.

“Como precisei passar pelo processo de uma cirurgia, isso me levou a ficar bastante tempo em casa. Nesse período, comecei a observar nos objetos da casa situações que eram muito semelhantes ao momento que meu corpo estava vivendo: fragilidade, fratura, repouso e recomposição. Eu passei a entender esses objetos como correspondentes do meu próprio corpo e da transitoriedade de todas as coisas”, conta.

Para reconhecer o Nordeste – Em Oriente Risco, um coletivo formado por 17 fotógrafos retrata a busca por uma escrita imagética que passa ao largo de uma imagem confortável e pitoresca da região Nordeste. Com curadoria de Gabriela Sá, Pedro David e João Castilho, a exposição reúne 60 imagens e propõe uma impressão mais intimista e, ao mesmo tempo, reveladora do nordeste brasileiro.

Em vez de registrarem o que é óbvio e comumente reconhecido, os artistas lançam um novo olhar sobre cenas e cenários do cotidiano nordestino, abordando a relação das pessoas com sua própria região. As imagens selecionadas também resgatam uma relação étnica, cultural e geográfica que propõem um processo de descoberta da região Nordeste, fugindo de estereótipos para traçar um ambiente múltiplo.

O curador João Castilho destaca que os trabalhos selecionados têm uma linguagem própria, evidenciando as potencialidades da arte fotográfica. “O visitante, atento, vai perceber que as imagens foram produzidas com base em experimentações com aparelho fotográfico e sua potencialidade expressiva, em diversas formas, rumo a uma linguagem universal”, pontua Castilho.

A 8ª edição do Festival de Fotografia de Tiradentes será realizada de 7 a 11 de março de 2018.