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A AM Galeria recebe a exposição de pinturas inéditas do alemão Rolf Behm. Rolf, em 40 anos de carreira já realizou mais de 70 exposições individuais e participou de um grande numero de exposições coletivas em todo o mundo. Para a mostra ele prepara uma nova série de pinturas que transitam entre a pintura de paisagem, imagens aéreas e raios X de bagagens.

A exposicao “Naturezas mortas-bagagens” apresenta 10 trabalhos recentes em técnica mista sobre tela com colagens de papel.

Estes novos quadros introduzem a colagem como um novo elemento na pintura do artista e são inspirados nas imagens das máquinas de raio-x dos aeroportos, combinando pintura com colagem de papel na tradição do “papier colle”. Rolf Behmtransforma estas imagens em uma pintura abstrata transparente, que às vezes revela formas figurativas como garrafas e outros conteúdos das bagagens de mão. Nas telas das máquinas de Rolf Behm aparecem objetos de uso do dia a dia ou como scans geometrizados intensamente coloridos mas parcialmente transparentes, ou como formas duras e recortadas. O formato das telas também corresponde com o formato das malas. De uma certa maneira os trabalhos se tornam naturezas mortas modernas sobre fundos illuminados. Os planos com colagens criam um contraste com os pintados e combinam o transparente com o chapado, deixando um espaco de cor e luminosidade.  Estes novos trabalhos tem como referência a idéia de viagem e deslocamentos geográficos e culturais.

Malas em Trânsito

Existe um desenho no qual o pintor Caspar David Friedrich fica em frente à uma paisagem vasta e acidentada, suas costas viradas em meio perfil ao espectador.  Sobre o ombro direito ele carrega uma vara com um embrulho, onde se encontram papel, lápis e tintas. Rolf Behm, também um frequente viajante, talvez tivesse em mente esta cena tão romântica de um artista partindo para o mundo. De qualquer maneira, em sua série de pinturas iniciadas em 2014, ele põe a própria “bagagem do pintor” no centro da imagem. O formato da mala, símbolo do viajar,  preenche o papel e o tecido. Behm teve a inspiração através das imagens dos escaneadores nos aeroportos que scaneam com raios X a bagagem, e desta forma o seu conteúdo tão íntimo fica totalmente exposto. Nos monitores aparecem, em cores diferenciadas, áreas  “quentes” e “frias” como também acessórios do dia a dia, p. ex. um telefone, uma faca, uma garrafa, uma ratoeira e outros objetos estranhos de viagem, que sao realçados como ´scans`  geométricos, lineares e de cor bem intensa: às vezes suaves e com acentuada transparência, às vezes em formas claras e fortemente contrastadas. Essa complexidade e ambiguidade visual das imagens de controle coincidem bem com a pintura abstrata de Rolf Behm. Fascinado, ele os acolhe artisticamente e os processa na “bagagem do pintor”, que fica enriquecida com todas as sensações e experiências  que durante anos caracterizam sua produção de imagens usando determinadas cores, formas e estruturas.                                                                                        

Behm reforça essas alterações dos elementos visuais adicionando materiais alheios  dentro de seus quadros: pedaços de papel colorido  na tradição da colagem, aplicações como fotos, etiquetas, material de embrulho, papelão e cartolina. Em “Grande bagagem do pintor V” (Grosses Malergepäck V) como também no “Grande bagagem do pintor III” (Grosses Malergepäck III) ele inclusive colou várias camadas na área total das malas representadas. Isso lembra das assim chamadas “Luggage Labels” com as quais os  ´globetrotters` até os anos 70 costumavam decorar as suas malas: adesivos do Matterhorn (montanha dos alpes suíços), de um tigre de Saigon, das pirâmides egípcias ou de um transatlântico.

A abertura da exposição será realizada no sábado, 22 de outubro, a partir das 11h, na AM Galeria de arte, localizada na rua do Ouro, 136, Serra, com entrada gratuita.

Sobre o artista:

Rolf Behm nasceu em 1952 em Karlsruhe, Alemanha.
 Vive e trabalha em Berlim e Rio de Janeiro. Estudou com Markus Lüpertz na década de 70.

 Em 1978 conquistou bolsa de estudos do DAAD em Londres, em 1984 em Florença e 1994/95 residência na Fundação Starke em Berlim. Desde 1976 participa ativamente de exposições individuais e coletivas em galerias e instituições na Europa. No Brasil, participou de exposições individuais em 1998 no Paço Imperial no Rio de Janeiro (RJ), no Museu de Arte Moderna de Salvador (BA) e em 1999 no Palácio das Artes em Belo Horizonte (MG).

Foto: Divulgação