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Os compositores mineiros -  Fernando Brant, Milton Nascimento, Tavinho Moura, Murilo Antunes, Goiá, Belmonte, Celso Adolfo, Flávio Henrique, Chico Amaral, Tião Carreiro e Pardinho - que marcaram um capítulo especial da história da cultura brasileira, serão homenageados nas vozes e violas dos cantores e compositores Bilora, Joaci Ornelas, Gustavo Guimarães, Pereira da Viola e Wilson Dias  no espetáculo “Vivaviola - Canta Minas e Gerais" que acontecerá no dia 22 de outubro de 2016 às 21:00 no Grande Teatro do Sesc Palladium com participações especiais de Letícia Leal e Dito Rodrigues & Quincas da Viola. A banda será composta por Gladson Braga (percuteria), Pedro Gomes (baixo) e Wallace Gomes (violão).

Vivaviola

O movimento Vivaviola, que reúne cinco importantes e talentosos violeiros, cantadores e compositores de Minas: Bilora, Gustavo Guimarães, Joaci Ornelas, Pereira da Viola e Wilson Dias, há oito anos, iniciava, no Teatro Alterosa, um encontro de violeiros que viria se tornar um dos mais importantes movimentos de criação e difusão da música de viola em Minas e, por que não, no Brasil.

Naquele momento, foi um encontro mais espontâneo e despretensioso, e contava com as participações do poeta, escritor e jornalista João Evangelista Rodrigues e do violeiro Chico Lobo. Nesse período de 2008 a 2014, foram muitas cantorias, participações, projetos e dois CDS lançados.

O primeiro projeto foi o Vivaviola - 60 cordas em movimento - Turnê Estrada Real, uma serie de shows no Circuito Cultural da Estrada Real em cidades históricas de Minas e Rio de Janeiro. Paralelamente aos shows, gravações e lançamentos dos CDs, foram desenvolvidas mais dez ações socioculturais em comunidades rurais ligadas aos violeiros. O intuito das ações que pretende ser permanente é fortalecer a cultura popular de cada comunidade envolvida, com foco principal na música, dança, religiosidade, culinária e meio ambiente.

O CD VivaViola – “Viva a Cantoria”, lançado em maio de 2014 em Belo Horizonte, foi o segundo disco depois do grande sucesso da trajetória do grupo e o lançamento do primeiro CD “VivaViola – Sessenta Cordas em Movimento” em 2010.

Símbolo do coletivo, do mutirão, o Vivaviola procura desenvolver uma visão mais completa e contemporânea do universo da viola, além de refletir sobre os valores tradicionais. Apresenta o universo da viola em vista a sua importância e seu ressurgimento como expressão artístico cultural; revigora a existência de uma coletividade em permanente diálogo com o contemporâneo e a tradição, no âmbito da música mineira e brasileira.

A musicalidade do Vivaviola é a soma de cada talento e criatividade individual dos violeiros integrantes. Cada um vem de uma região diferente de Minas, cada um tem sua história e um sotaque que lhes é peculiar, mas que se unificam em um elo comum a todos: a cultura popular e o gosto pela viola. No coletivo trazem uma diversidade de toques de viola, ritmos e uma riqueza poética a partir das vivências de cada um e sua relação com seu lugar de origem, seus sonhos, sentimentos e sua caminhada pelo mundo. Sentimento este muito bem descrito pelo jornalista e escritor Carlos Felipe: “Como  viola  atrai  viola,  num  visgo  que  ninguém  sabe  explicar,  eles  se  juntaram. Muitas  vezes.  Nas  conversas  de  amigo,  nos  saraus  de  poesias,  nos  palcos  da vida,  nos  fuzuês  de  chão  batido,  nas  saudações  dos  santos  e  nos  encantamentos guardados  dentro  da  alma,  só  aflorando  quando  o  coração  já  não  aguenta  mais.  E foi  assim  neste  emaranhado  de  emoções  -  em  que  as  batidas  da  alma  se  misturam com as cordas da viola.”.

OS VIOLEIROS

Bilora:

É músico, violeiro e compositor, tem quatro discos gravados: De Viola e Coração (1998), Tempo das Águas (2002), ”Nas Entrelinhas” (2006) e o mais recente Balanciô (2013). Ganhador de vários prêmios em festivais da canção pelo Brasil,  entre eles o 3º lugar com a música “Tempo das Águas” no Festival da Música Brasileira de 2000, da Rede Globo. Participou também do Festival de Música da TV Cultura, com a música “Sertão Urbano”. Valmir Ribeiro de Carvalho (Bilora) nasceu no Córrego do Norte, Santa Helena de Minas, Vale do Mucuri, divisa com o sul da Bahia. Ali viveu até os 28 anos em convívio com a cultura popular do lugar, como: batuques, folia de reis, cantigas de roda, festas juninas, etc. Atualmente reside em Contagem, MG.

Gustavo Guimarães:

Gustavo nasceu em Diamantina, cresceu em meio à mata, córregos e fazendas da região. Ali, foi influenciado musicalmente pelas várias manifestações culturais, como: Folia de Reis e o Congado. Porém, foi em Belo Horizonte que teve maior contato com a viola caipira. Músico autodidata aprendeu com mestres diferentes técnicas e toques de viola. Em 2008, gravou seu primeiro CD, de nome "Vaqueiro".  Seu segundo álbum foi gravado em 2012, intitulado Viola de todos e contou com a participação especial do violeiro Wilson Dias. Em 2014/2015 gravou seu terceiro CD "Canções de São Francisco".

Joaci Ornelas:

Natural de Salinas, Vale do Jequitinhonha, Joaci Ornelas é cantador, compositor e instrumentista. Estudou teoria musical, harmonia e história da música em Belo Horizonte, onde reside desde 1980. Autodidata em viola caipira, influenciado por mestres violeiros do norte de Minas, Renato Andrade e Zé Coco do Riachão. Gravou o CD Andejo, que reúne mais de 15 anos de trabalho e pesquisa de cultura popular nos vales do São Francisco e Jequitinhonha. Alem de músico, Ornelas produziu três documentários em DVD e dois CDs com importantes registros da cultura popular em Minas. Em 2015 gravou seu segundo álbum, "No dizer do sertão".

Pereira da Viola:

Cantor, compositor e violeiro, Pereira da Viola é um destes raros exemplares de músicos ligados à sua origem, que conservam ao longo de sua carreira às características marcantes de sua história pessoal, da comunidade onde cresceu, de sua gente e de seu aprendizado musical.

Nascido na Comunidade Quilombola de São Julião – distrito de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais, Pereira é filho de foliões: João Preto (sanfoneiro) e Mãe Augusta (cantora de Folia de Reis e de todo tipo de cantigas de roda, batuques, entre outras). Ainda criança, Pereira da Viola acordava à noite ao som das folias que visitavam sua casa trazendo violas, sanfonas, caixas de folia e muita cantoria. Neste ambiente sonoro, forjou a base de sua musicalidade – permeada pela ampla leitura da riqueza poética, melódica e da diversidade rítmica da música regional e da cultura popular.

Com 5 CD´s autorais (“Terra Boa”, “Tawaraná”, “Viola Cósmica”, “Viola Ética” e “Akpalô”), todos lançados em pequenos selos independentes, Pereira da Viola também participou de relevantes trabalhos coletivos, festejados pelos amantes da música regional brasileira, dentre eles “Violeiros do Brasil”, “Viva Viola”, “Viola Brasileira em Concerto”, “Carnaviola” e “Pote” – alguns deles renderam livro, CDs e DVDs. Atualmente, após dar início a carreira internacional com shows na Espanha, Portugal, Bélgica, Alemanha e Inglaterra, Pereira da Viola trabalha no lançamento de novos discos e também em seu primeiro DVD solo. Em 2016, lança seu primeiro dvd solo “Incelente Maravia – 20 anos”.

Wilson dias:

Tradicional e moderno, Wilson Dias, violeiro, cantor e compositor  nascido em Olhos D’água no norte de Minas - Vale do Jequitinhonha, traz na bagagem a musicalidade e os ensinamentos da nossa cultura popular, um som enraizado no Brasil profundo, mas com asas para voar o mundo afora.

Discografia:

1 - “Pequenas Histórias” (1997); “Outras Estórias” (2002) –  “Picuá” (2007 - selecionado ao Prêmio Tim de Música Brasileira);CD Coletivo – “VivaViola – 60 cordas em movimento” (2009); “Pote – A melodia do chão” – (2010); “Mucuta” – (2011) instrumental – Lançado em novembro de 2011 no Teatro Alterosa.CD Coletivo – VivaViola- Viva a Cantoria – (2013) e “LUME” (2013) – lançado em novembro (2013) no SESC Palladium – (Pré-selecionado ao prêmio de Música).

Instituto Vivaviola

O Instituto Vivaviola, fundado em 2014, entidade civil de caráter sociocultural, tem por finalidade desenvolver estudos, projetos, pesquisas programas e ações de preservação, fomento, registro e difusão da música de viola e da cultura popular, projetos, programa e ações para o desenvolvimento e aperfeiçoamento educacional integrado aos saberes e à cultura popular de tradição, projetos, programas e ações de preservação do meio ambiente, desenvolvimento e sustentabilidade da economia solidária e geração de renda bem como defender os interesses dos violeiros e dos profissionais relacionados ao universo da viola, assim entendidas: viola caipira, viola fandangueira, viola de coxo, viola brasileira, viola nordestina, viola de arame, viola de 10 cordas.

Foto: Nilce Gomes