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“Uma Tendência para Alegria”, novo espetáculo da Cia 5 Cabeças é uma das atrações da 12a edição do VAC

“Uma Tendência para Alegria” mostra o cotidiano de Amado, Bernadet e Rara Magia. Sob o mesmo teto, os três atravessam juntos as estações do ano, compartilhando conflitos e pequenas alegrias

A dependência do outro, o desgaste das relações, a solidão e o condicionamento humano como antítese da liberdade. Esses são alguns dos temas abordados pela peça “Uma Tendência para Alegria”, o mais recente espetáculo da Cia. 5 Cabeças. A peça tem direção de Ronaldo Jannotti e no elenco estão Carol Oliveira, Luisa Rosa e Saulo Salomão. A montagem estreou oficialmente em dezembro durante uma breve temporada no CCBB-BH e agora está de volta na programação do VAC 2018 - Verão Arte Contemporânea, que este ano, completa 12 edições.

A Cia. 5 Cabeças, reconhecida na cena nacional por trabalhos como “5 cabeças à espera de um trem” e “Cachorros não Sabem Blefar”, já percorreu mais de 14 estados brasileiros, traz novidades na nova montagem. Ronaldo Jannotti e Saulo Salomão, atores da companhia, assumem diferentes funções. Ronaldo estreia na direção teatral e Saulo, além de atuar, assina com o escritor Louraidan Larsen a dramaturgia.

As inspirações para a construção do texto foram diversas: referências literárias, fílmicas e, sobretudo, a vida - a esses instantes de resistências que vivemos atualmente. As vozes das ruas foram elemento também muito forte. De acordo com Saulo, relatos de pessoas comuns, transeuntes de grandes cidades, influenciaram diretamente na construção do texto. "Louraidan tem uma página no Facebook chamada “Escafandrista”, em que posta histórias criadas a partir de conversas ouvidas nas ruas e de conversas dele mesmo com pessoas desconhecidas, a maioria em espaços públicos. Isso nos alimentou na construção dramatúrgica”, explica o ator/dramaturgo.

O texto decorre pontuado pelas mudanças das estações do ano, que refletem nas relações das três personagens que moram juntos: Amado, um cantor saudosista, Rara Magia, uma mulher que aguarda a volta de seu filho, e Bernadet, sempre aflita por não ter forças para se levantar de uma cama. Segundo o diretor da peça, a narrativa é o reflexo de algumas relações humanas viciadas. “Muitas vezes, ficamos presos em relações desgastadas e doentias de dependência mútua. Ficamos um alimentando a paranoia do outro”, ressalta Jannotti.

Questões existencialistas estão presentes em cena, mas há também conflitos contemporâneos. Crises sociais e influência dos meios de comunicação no dia a dia das pessoas são abordadas na montagem. Para o diretor Ronaldo Jannotti, o espetáculo pode traduzir até mesmo a situação atual do Brasil. “Um sentimento de incompletude, de uma falta de perspectiva de melhora”, afirma. Não é por acaso que Bernadet aparenta uma grande força para agir e, entretanto, acaba por permanecer sempre prostrada em uma cama.

De acordo com a atriz Luisa Rosa, a elaboração das personagens ocorreu em fases. Inicialmente, os atores improvisavam e levavam propostas de objetos, figurinos e até mesmo de luz. Em seguida, começaram a ensaiar as cenas descritas no texto. “Na reta final dos ensaios, buscamos os detalhes das relações dos personagens, como um afeta e reage ao outro no decorrer da história”, relata a intérprete.

Os desafios da direção foram compartilhados por Ronaldo com outros criadores. A atriz e diretora Mônica Ribeiro, por exemplo, foi convidada para ser provocadora artística. “A presença dela me trouxe muita inspiração. Por fim, chegou à equipe, o queridíssimo amigo e colega de companhia, Byron O’Neill. Ele dirigiu e escreveu todos os outros trabalhos do grupo e estava fora do país realizando outros projetos. Agora, ele está conosco na assistência de direção”, diz.

Cenários, figurinos, luz e trilha sonora foram desenvolvidos baseados em conceitos como decadência e desgaste causado pela passagem do tempo. A trilha original é assinada pelo músico Barulhista e foi elaborada baseada em referências como música brega, erudita, heavy metal, rock e ruídos sonoros do ambiente urbano e da natureza. O figurino é do multiartista Jonnatha Horta, ator do grupo Oficina Multimedia. As arquitetas Bruna Cosfer e Branca Peixoto, da PAR Cenografia e Arquitetura, são responsáveis pelo cenário, e o desenho de luz é do experiente Felipe Cosse.

Sinopse de “Uma Tendência para Alegria”

Adiaram meu show. A culpa é da chuva que vaza da pia e me deixa mofada de calor e frio. Se pudesse abrir a janela, o vento talvez trouxesse meu filho e não só a primavera. Eu, andorinha, me debato sobrevoando a gaiola-cama. A dor não passa e não posso me levantar. A campainha toca e não é ninguém. Que alívio. Quem não é ninguém não lhe falta nada.


Este espetáculo é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte. Fundação Municipal de Cultura.

A Cia. 5 Cabeças - www.cia5cabecas.com.br


A Cia. 5 Cabeças, que é formada pelos integrantes-fundadores Saulo Salomão, Carol Oliveira, Byron O`Neill, Luisa Rosa e Ronaldo Jannotti, completa em 2017 oito anos de pesquisa contínua. Nesse período, o grupo realizou três trabalhos cênicos independentes, sem o apoio de leis de incentivo ou patrocínio. São eles: as cenas curtas "5 cabeças à espera de um trem", de 2009, e "Sinto muito: acabaram-se os pães", de 2012, e o espetáculo "Cachorros Não Sabem Blefar", de 2011, que representou o teatro mineiro no Projeto Palco Giratório do Sesc 2016. Os três trabalhos, que possuem dramaturgia e direção de Byron O'Neill, foram contemplados com diversos prêmios em vários eventos e festivais pelo Brasil. "Cachorros Não Sabem Blefar" ganhou o prêmio de melhor dramaturgia original no 9º Prêmio Usiminas/Sinparc 2011.

Foto Bianca Aun

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