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Documentários são os destaques nas exibições de longas e curtas desta terça

A programação cinematográfica da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes continua a oferecer gratuitamente, para fãs da sétima arte do Brasil e de todo o mundo, a produção mais atual e diversa do cinema nacional.

Nesta terça-feira, dia 26 de janeiro, a dupla da curadoria de longas, Francis Vogner e Lila Foster e a equipe curatorial de curtas, composta por Camila Vieira, Tatiana Carvalho e Felipe André Silva, destacam a forte presença de documentários e ficções nas sessões das mostras Aurora, Olhos Livres, Temática, Foco, Panorama e Praça.

Com exceção do longa da Mostra Aurora e dos curtas da Mostra Foco, que ficam disponíveis por 48 horas, as outras exibições poderão ser vistas até o dia 30 de janeiro, data de encerramento do evento, pelo site www.mostratiradentes.com.br.

Longas-metragens

Uma celebração da amizade entre duas mulheres. Essa é a história do documentário “Kevin”, dirigido por Joana Oliveira, representante de Minas Gerais na competitiva da Mostra Aurora. Em pré-estreia mundial, o filme trata do reencontro da diretora, uma mulher branca, sem filhos e brasileira, e sua amiga Kevin, uma mulher negra, com dois filhos e recém instalada no seu país de origem, Uganda. O documentário tece a fina trama que é uma conversa entre duas amigas: as histórias do passado, os desejos, os caminhos trilhados, os diferentes modos de encarar a matéria do vivido e um elo de amor e sororidade que resiste à distância e ao tempo.

Filmado em Uganda, o choque cultural, as discussões sobre o racismo, a expectativa da maternidade e a realidade do cuidado com os filhos atravessam as longas conversas. A câmera que acompanha, de forma quase imperceptível, a dinâmica do cotidiano da vida de Kevin vira uma espécie de testemunho de um pequeno grande evento na vida dessas duas mulheres.

Pela Mostra Olhos Livres, que apresenta um recorte da programação que se notabiliza pela diversidade de olhares e formas e sem conceitos fechados ou critérios uniformizantes, o destaque é “Amador”, da cineasta Cris Ventura, que também foi responsável pela fotografia, som direto e montagem. O documentário conta a história do compositor, cantor e performer Vidigal, que vivia entre as ruas do baixo centro belo-horizontino, onde faleceu após uma crise convulsiva, pela falta de atendimento. As filmagens interrompidas pela distância geográfica, pretendiam retratá-lo apenas em condições de sobriedade, valorizando sua inteligência criativa.

Já na Mostra Tématica – Vertentes da Criação, a curadoria chama atenção para a exibição de “Negro em mim”, que tem direção, roteiro e montagem de Macca Ramos. Trata-se de um documentário investigativo com artistas e pensadores negros no Brasil de hoje. Um retrato de um país plural, a partir da discussão racial promovida por uma viagem por seis cidades brasileiras, “Negro em Mim” trás a arte, a cultura e a política como reflexão da diáspora e do devir negro no mundo.

Curtas-metragens

Em sua segunda série, a Mostra Foco exibe nesta terça-feira, a partir das 22 horas, quatro ficções de diferentes estados do país. Todos os curtas ficarão disponíveis por 48 horas.

“Ratoeira”, curta catarinense de Carlos Adelino, em que a distopia e o filme pós-apocalíptico são reinventados no espaço exíguo de uma pequena oficina de reformas eletrônicas. Na coprodução (AM/PR) “De costas pro rio”, dirigido por Felipe Aufiero, vozes místicas e ancestrais trazem de volta a Manaus um homem que se afastou da própria terra. Já o curioso e instigante curta paranaense “Eu te amo, Bressan”, dirigido pelo jovem cineasta Gabriel Borges, que brinca com a metalinguagem e com os códigos do filme romântico para comentar alguns lugares comuns do cinema contemporâneo. E “4 bilhões de infinitos”, produção do mineiro Marco Antônio Pereira, retrata a magia do cinema a partir do olhar poderoso e imaginativo das crianças.

Mostra Panorama - Os espectadores poderão prestigiar, na tela de sua preferência, uma seleção de curtas que fica disponível no site www.mostratiradentes.com.br até o dia 30 de janeiro. Nesta terça, a curadoria coloca em evidência os filmes: “Won’t you come out to play?”, da cineasta paulista Júlia Katharine, delicado melodrama caseiro sobre as complexas relações de uma filha com sua mãe, pai e meia-irmã; a ficção “Três graças”, dirigido pela capixaba Luana Laux, que observa a ciranda de sonhos e desejos de três irmãs, moradoras de uma fazenda que abriga uma fábrica de cachaça; o documentário baiano “À beira do planeta mainha soprou a gente”, da dupla Bruna Barros e Bruna Castro, com a complexa e difícil relação entre mães e suas filhas lésbicas; e o curta paulista “O jardim fantástico”, de Fábio Baldo e Tico Dias, que conta a história de uma professora que utiliza Ayahuasca com seus alunos e vê as crianças se conectarem com os poderes ancestrais da floresta.

Mostra Praça – A dica dos curadores, para esta terça é conferir, quatro produções. A ficção paulista “Você tem olhos tristes”, de Diogo Leite, destaca o trabalho precarizado de um entregador de aplicativo e seu desafio para enfrentar o racismo. O documentário pernambucano “Rebu”, um ensaio da realizadora Mayara Santana que, em primeira pessoa, narra sobre sua vivência lésbica em meio a diferentes performances de masculinidade, como a de seu próprio pai. Do Amazonas, a ficção “O barco e o rio”, de Bernardo Ale Abinader, mostra o embate entre duas irmãs que herdaram uma embarcação para sustento da família em uma comunidade de pescadores. E também o paranaense “Ela que mora no andar de cima”, de Amarildo Martins, filme em que a atriz Marcélia Cartaxo interpreta Luzia, que vira “cobaia” dos doces e quitutes da vizinha confeiteira, Carmem, numa amizade evolui para uma paixão platônica, que traz um novo sabor para os dias amargos de Luzia.

SOBRE A 24a MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

PLATAFORMA DE LANÇAMENTO DO CINEMA BRASILEIRO

Maior evento dedicado ao cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais – uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.

Trata-se de um programa audiovisual que reúne as manifestações da arte numa programação cultural abrangente, oferecida gratuitamente ao público, que prevê a exibição de mais de 100 filmes brasileiros, promove homenagem, oficinas, debates, mostrinha de cinema, exposições, shows musicais, performance audiovisual, encontros e diálogos audiovisuais e atrações artísticas.

Foto:Cristina Maure

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