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FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS RECEBE PIANISTA ANNA VINNITSKAYA E COMEMORA 75 ANOS DO COMPOSITOR JORGE ANTUNES

Sob regência do maestro Fabio Mechetti, Orquestra interpreta obras de Antunes – que vem a Belo Horizonte para a homenagem –, Bartók e Brahms

Uma das grandes pianistas da atualidade, Anna Vinnitskaya se apresenta com a Filarmônica de Minas Gerais nos dias 18 e 19 de maio, às 20h30, na Sala Minas Gerais, e interpreta o Concerto para piano nº 1, de Bartók. Ainda no repertório, Apoteose de Rousseau, de J. Antunes, em comemoração aos 75 anos do compositor brasileiro, e a Sinfonia nº 1 em dó menor, de Brahms. A regência é do maestro Fabio Mechetti. Ingressos entre R$ 40 (inteira) e R$ 105 (inteira).

Antes das apresentações, das 19h30 às 20h, o público poderá participar dos Concertos Comentados, palestras que abordam aspectos do repertório. O convidado das duas noites será o professor de regência coral da Escola de Música da UFMG e regente e diretor artístico dos Coros Madrigale e BDMG, Arnon de Oliveira, que falará sobre a obra e a vida dos compositores Bartók e Brahms.

Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú Personnalité. Já as palestras dos Concertos Comentados são apresentadas pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais.

O repertório

Jorge Antunes (Brasil, Rio de Janeiro, 1942) e a obra Apoteose de Rousseau (2014)

Formado em Física, Violino, Composição e Regência, Jorge Antunes é precursor da música eletroacústica no país e ocupa, desde 1994, a cadeira número 22 da Academia Brasileira de Música. Combativo, o compositor enxerga a arte como possibilidade de luta por um mundo mais justo. No poema sinfônico Apoteose de Rousseau, encena-se a disputa sonora entre melodia e harmonia – temática a opor Jean-Philippe Rameau (1683-1764), partidário das expressões harmônicas como imitações da natureza, e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), defensor da melodia como representante da natureza. Em sua obra, Antunes toma partido de Rousseau. Nela, ouvem-se melodias diatônicas, além de vasta riqueza de timbres orquestrais. Além disso, o poema oscila entre harmonias densas e sonoridades delicadas, com estruturas tonais e atonais, citações estilísticas barrocas, clássicas, românticas e uma melodia modal tradicional. A obra é atual, moderna e de grande força expressiva.

Bela Bartók (Hungria, atual Romênia, 1881 – Estados Unidos, 1945) e a obra Concerto para piano nº 1 (1926)

Grande pianista, Béla Bartók pesquisou manifestações musicais populares de sua terra natal, assim como do Leste europeu, do Norte da África e da Turquia. Seu método de trabalho implicava o respeito ético pelas etnias e a superioridade do humanismo sobre o nacionalismo. Assimilou, assim, a riqueza rítmica do folclore e se libertou da hegemonia do sistema tonal. Paralelamente às pesquisas de etnomusicologia, o compositor elaborou original síntese de enfoques do cânone da música ocidental. Desse modo, contribuiu com a renovação da linguagem musical contemporânea. No Concerto nº 1, triunfam aspectos percussivos do “pianismo” do compositor: sonoridades violentas, agregações de ásperos blocos, ao invés de acordes tradicionais, e um mecanicismo insistente. Trata-se de resposta bastante pessoal – e, ainda hoje, muito impactante – aos apelos neoclássicos e construtivistas de sua época.

Johannes Brahms (Alemanha, 1833 – Áustria, 1897) e a obra Sinfonia nº 1 em dó menor, op. 68 (1855/1876)

Quando se fixou em Viena, em 1862, Brahms já era aclamado como “herdeiro de Beethoven”. Importantes músicos da época consideravam-no a figura emblemática do movimento de reação à “música do futuro”, preconizada pelos poemas sinfônicos de Liszt e pelo drama musical wagneriano. É provável, aliás, que o receio da comparação direta com o legado beethoveniano tenha relação com a demora para estreia de sua primeira sinfonia: a partitura foi elaborada de 1955 a 1876. A Primeira é uma obra pessoal, em que se dosam a inteligência, a variedade de recursos e os elementos de contraste, como o uso de tonalidades e compassos diferentes para cada andamento. O compositor limitou-se à orquestra usada por Beethoven na Nona sinfonia e conseguiu cores e planos sonoros originais: sutilezas rítmicas, mudanças de acentuação, ruptura da regularidade de compassos, fragmentações e inversões.

Maestro Fabio Mechetti

Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de MstislavRostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia, dirigindo a Filarmônica de Tampere, e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 estreou com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

A pianista Anna Vinnitskaya

As gravações e apresentações de Anna Vinnitskaya renderam muitos elogios da crítica e do público. Nascida em Novorossiysk, na Rússia, a pianista vive em Hamburgo desde 2002. Atualmente, é professora no Conservatório de Hamburgo, onde se formou sob orientação de Evgeni Koroliov. O repertório de Vinnitskaya vai de Johann Sebastian Bach a Sofia Gubaidulina. Suas escolhas enfatizam os grandes compositores russos para piano, como Rachmaninov, Prokofiev e Shostakovich, bem como Ravel, Debussy e Chopin. Suas leituras de Brahms e Bartók chamaram a atenção, a exemplo da apresentação dos três concertos de Bartók em uma tarde, com a Rundfunk-Sinfonieorchester Berlin, sob direção de Marek Janowski. A musicista é celebrada por público e crítica por sua habilidade em pintar grandes paisagens sonoras e, também fazer interpretações incendiárias.

Vinnitskaya esteve com renomadas orquestras, de Berlim (Deutsches Symphonie-Orchester) a Londres (Royal Philharmonic Orchestra); de Munique (Münchner Philharmoniker) a Tóquio (NHK Orchestra). Colaborou com os regentes Andris Nelsons, Kirill Petrenko, Krzysztof Urbanski, Charles Dutoit, Vladimir Fedoseyev e Marek Janowski. Suas gravações receberam vários prêmios, como Diapason d’Or, Escolha do Editor da Gramophone e Echo Klassik. Dentre as premiações de maior prestígio, estão a Competição Busoni (Itália, 2005), o primeiro lugar no Concurso Rainha Elisabeth (Bélgica, 2007), e o prêmio Leonard Bernstein, no Festival Schleswig-Holstein (Alemanha, 2008). Na temporada 2016/2017, como solista em residência na WDR Sinfonieorchester, apresentará e gravará concertos de Bartók com o regente principal da orquestra, Jukka-Pekka Saraste.

Foto: Gela Megrelidze

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