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Baseada na obra de Plínio Marcos, a impactante peça Autópsia chega a Belo Horizonte

O espetáculo brasiliense estará em cartaz no CCBB entre os dias 3 e 13 de junho

Um convite a se despir dos privilégios e dialogar com outra realidade. Uma realidade social repleta de fraturas e que muitas vezes negamos fazer parte. Autópsia, a elogiada peça brasiliense que homenageia o dramaturgo Plínio Marcos, chega a Belo Horizonte e fica em cartaz entre 3 e 13 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). O espetáculo terá apresentações às sextas, sábados, domingos e segundas, às 20 horas. Classificação: 18 anos. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e podem ser adquiridos no site ingressorapido.com.br/ccbb. Mais detalhes pelo telefone 3431 9400.

 

Com dois anos de estrada, a peça já foi assistida por mais de 5 mil espectadores em várias cidades brasileiras e vem atraindo atenção e elogios por onde passa. Foi escolhida pelos leitores do jornal Correio Braziliense e pelo crítico Diego Ponce de Leon como melhor espetáculo do Festival Cena Contemporânea em 2014. Realizada pelo Grupo Sutil Ato (que completa em 2016 dez anos de carreira), e dividida em duas partes autônomas, a peça écomposta por trechos adaptados de cinco obras emblemáticas de Plínio Marcos: Autópsia I - Quando as máquinas param, Navalha na Carne e Querô – e Autópsia II -  Abajur Lilás e Dois perdidos numa noite suja.

 

Segundo o diretor do espetáculo, Jonathan Andrade, a encenação partiu do conceito do mínimo, do necessário, da miséria. Ele conta que o cenário foi feito de objetos encontrados no lixo. “Eu desejei a marginalidade dos objetos, os descartados, os ditos inválidos. Reciclagem e sustentabilidade. A encenação de Autópsia tem a força da superação da miséria por meio da criatividade e reinvenção. É um espetáculo de muita plasticidade e visualidade”.

 

Andrade sublinha que essa escolha, tanto a estética como a textual, é uma forma de tentar olhar para uma série de indivíduos e camadas invisibilizadas. “Plínio é um retratista da vida marginal crua, de uma realidade de oprimidos e opressores, realidade sofrida e pouco compreendida. Mais do que nunca é atual quando vemos a desigualdade social, étnica e econômica que existe no país”. Mas é, acima de tudo, uma obra humana e fala de coisas muito simples como sobreviver, dar sustento à família, querer vencer no trabalho, desejar amar, ter carinho, ter um filho, acreditar em um mundo melhor.

 

Autópsia ganhou diversas discussões que não existiam tão diretamente na textualidade de Plínio. “Questões explícitas sobre homofobia, misoginia, racismo e diversas intolerâncias, desigualdades e injustiças. É uma obra indigestamente atual. Vemos Querô, um menino de rua, filho de uma prostituta, 'engrossando' o caldo  estatístico de jovens pobres (e negros) de periferia sendo mortos pela política de segurança pública. Pelo desejo burguês de assepsia, que grita por justiça e pelo fim do crime. Mas como diz no próprio texto de Plínio: a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.”, comenta Andrade.

 

O diretor destaca ainda a coragem dos atores que se desnudam no palco, visceralmente em uma rinha de jogo, para dar conta da ética de debate. “Há uma temperatura que quer o amor em relação ao outro. Que quer um respiro entre os desiguais. É um espetáculo impactante, tentando ser minimamente coerente com a violência que os personagens sofrem. É despudorado, pungente, visceral, delicado, poético e contundente como disseram vários espectadores. Autópsia é também muito afetuoso e emocional”, ressalta  Jonathan Andrade.

 

A concepção da peça

 

Autopsia surgiu na faculdade brasiliense Dulcina de Moraes, em 2011, quando os atores ainda eram alunos. Sob orientação do então professor Jonathan Andrade, foi a primeira peça profissional de muitos deles e hoje, com dois anos de estrada, o

 

espetáculo legitima uma grande safra de atores do Distrito Federal. Para a obra, foram  pesquisadas atuações cotidianas, viscerais e uma encenação intimista, experimental e pobre. Diversas ações ajudaram no resultado da peça, como oficinas de treinamento de ator, palestra sobre a vida e obra de Plínio Marcos, com a participação de Ricardo Barros, seu filho.

 

Segundo Andrade, o Grupo Sutil Ato, que em 2016 completa 10 anos de trajetória, se mantém como um grupo de pesquisa, que busca investigar linguagens, que bebe na poesia da cena como forma de aproximar-se do público. Com peças premiadas no currículo, o grupo foi concebido no departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília. Seus integrantes carregam o desafio de trazer alternativas inteligentes para buscar novos espaços de atuação, de gerar uma renda que dê continuidade ao legado e às novas iniciativas artísticas. Atualmente, a companhia se prepara para dar continuidade à pesquisa sobre a obra de Plínio, com Autópsia nas versões III e IV, feita com outras obras do autor.

 

Ficha Técnica

 

Direção: Jonathan Andrade

Produção Geral: Grupo Sutil Ato e Carvalhedo Produções

Elenco: Alneiza Faria, Jeferson Alves, Maria Eugênia Félix, Mário Luz, Pedro Ribeiro, Regina Sant’Ana, Ricardo Brunswick, e Maria Claudia Fernandes

Sonoplastia: Cesar Lignelli

Cenografia e figurino: Jonathan Andrade

Iluminação: Dalton Camargo e Moises Vasconcellos

Acompanhamento Vocal (Fonoaudióloga): Dianete Ângela

Preparação Musical: Gislene Macedo

Programação Visual: Henrique Macêdo

Músicos: Junai Gonzaga e Marcos da Cruz

Fotógrafos: Diego Bresani, Roberto Ávila, Sartoryl e Thiago Sabino

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