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118 filmes na 16a CineOP - pré-estreias e mostras temáticas que dialogam com a memória, o afeto e os resgates do passado para refletir sobre o Brasil

Seleção de filmes da 16a CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto reúne produções de 4 países e 14 estados brasileiros.

A programação da 16a CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto, a ser realizada entre 23 e 28 de junho com transmissão gratuita e online, vai exibir 118 filmes em pré-estreias e mostras temáticas (32 longas, 06 médias e 80 curtas-metragens) de 4 países e 14 estados brasileiros. Todos estarão disponibilizados no site www.cineop.com.br. Confira abaixo a relação dos filmes.

FILMES EM PRÉ-ESTREIAS | MOSTRA CONTEMPORÂNEA

Nos longas e médias-metragens, com curadoria de Francis Vogner dos Reis e Cleber Eduardo, novamente a CineOP chama atenção para a produção contemporânea brasileira que, de alguma forma, dialoga com o passado para reconfigurar questões do presente - através do uso de documento, memória, perspectivas ou reflexões afetivas. Segundo Francis Vogner, há muito tempo a curadoria tem tentado estabelecer um diálogo, seja direto ou transversal, entre o caráter da mostra histórica e a produção contemporânea.

“De uns anos para cá, temos nos esforçado mais para fazer essa relação, principalmente porque os filmes inscritos tocam em questões que demandam recuos históricos relevantes ou lidam com matéria de arquivo”, afirma o curador. “Os filmes da Mostra Contemporânea estabelecem uma forte relação com as questões históricas, seja a partir de perspectivas de um determinado caso ou determinada questão da política ou imaginário cultural e social brasileiro, seja de materiais de arquivo que lidam com a materialidade da memória do país”.

Para 2021, os longas da Mostra Contemporânea foram divididos em quatro eixos. “Indígenas e as imagens: entre o passado e o presente”, que como o nome adianta, inclui filmes que tratam da cultura indígena, recolocando elementos de suas histórias em relação à história brasileira. Os filmes são “O Índio Cor de Rosa contra a Fera Invisível: A Peleja de Noel Nutels”, de Tiago Carvalho; “Xadalu e o Jaquaretê”, de Tiago Bortolini de Castro e co-direção de Ariel Kuaray Ortega; e “Kunhangue Arandu: A Sabedoria das Mulheres”, de Alberto Alvares e Cristina Flória.

O eixo “Os espaços e os vestígios da história” reúne trabalhos que ecoam obsessivamente o ambiente onde filmam ou onde buscam suas relações com a história, ecoando processos históricos do passado ou memórias de um imaginário cultural a partir das reminiscências encontradas nas buscas empreendidas em cena. São “Muribeca”, de Alcione Ferreira e Camilo Soares; “Mata”, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes; e “A Senhora que Morreu no Trailer”, de Alberto Camarero e Alberto de Oliveira.

No caso do eixo “Passado em investigação” a ditadura militar é o tema central nos três longas, em recortes pouco abordados pela documentação brasileira do período - desde a busca por um ex-oficial nazista foragido no Brasil até a espoliação de recursos naturais milionários cujo dinheiro nunca foi efetivamente visto. Os filmes são “Golpe de Ouro”, de Chaim Litewski; “A Trilha dos Ratos”, de Macelo Felipe Sampaio; e “Operação Camanducaia”, de Tiago Rezende de Toledo.

Por fim, o eixo “Memórias das artes brasileiras” resgata figuras importantes da cultura no país, como o dramaturgo José Celso Martinez Correa, a cantora e compositora Alzira Espíndola e o casal de pesquisadores e cineastas Conceição Senna e Orlando Senna, a partir do uso de arquivos e entrevistas que os recolocam diante da própria história do país. Os títulos são respectivamente “Máquina do Desejo: 60 Anos de Teat(r)o Oficina”, de Joaquim Castro e Lucas Weglinski; “Aquilo que eu Nunca Perdi”, de Marina Thomé; e “O Amor dentro da Câmera”, de Jamille Fortunato e Lara Beck Belov.

A Mostra Contemporânea de curtas-metragens tem curadoria de Camila Vieira, que selecionou 18 títulos com propósito também de dialogar com as noções de resgate, memória, novas perspectivas do presente e experimentações com o passado. Os títulos se espalham pelos tradicionais recortes de Cine-Praça, Cine-Teatro e Cine Vila Rica, mantendo os perfis de cada sessão. A seleção inclui documentários que partem de revisitações historiográficas para reescrever o passado do Brasil, ensaios narrados em primeira pessoa que resgatam memórias entre diferentes gerações e curtas experimentais que exploram a materialidade das imagens de arquivo.

A sessão Cine-Praça de curtas conta com “Ouro para o Bem do Brasil”, de Gregory Baltz, sobre a campanha de doações de bens pela população durante a ditadura militar; “Descompostura”, de Alline Torres, Anaduda Coutinho, Marcio Plastina e Víctor Alvino, e “República do Mangue”, de Julia Chacur, Mateus Sanches Duarte e Priscila Serejo, produzidos coletivamente em oficina no Arquivo Nacional e que propõem novos olhares para registros fotográficos históricos de fotografias de mulheres negras escravizadas e a resistência de mulheres em casas de prostituição na Zona do Mangue, do Rio de Janeiro. Por sua vez, o curta “Vai!”, de Bruno Christofoletti Barrenha, recupera a história do Corinthians, durante os 23 anos que ficou sem ganhar um título, em paralelo ao contexto da ditadura militar no Brasil, e “Uma Invenção sem Futuro”, de Francisco Miguez, trata da nostalgia da película de cinema.

Na sessão Cine Vila Rica, os filmes tratam de proximidades familiares: “Foi um Tempo de Poesia”, de Petrus Cariry, resgata imagens de Patativa do Assaré registradas por seu pai, Rosemberg Cariry; “Memória Presença”, de Gabriel Carneiro, reposiciona retratos antigos de sua avó em imagens atuais de vários ambientes de espaço doméstico; “Trópico de Capricórnio”, de Juliana Antunes, que reflete sobre si mesma a partir de imagens de infância; e “Novo Rio”, de Lorran Dias, que entrecruza lembranças de sua mãe com as dos nordestinos que moram na Favela da Maré, no Rio de Janeiro; “Fôlego”, de Sofia Badim, homenageia a mão da diretora, a atriz Solange Badim, através de uma fotografia, recortes de documentos e registros sonoros; assim como “Pequenas Considerações sobre o Espaço-Tempo”, no qual Micheline Helena resgata a história materna durante a pandemia; e “O Suposto Filme”, de Rafael Conde, reflete imagens registradas, guardadas e revistas sobre o tempo, a memória e o esquecimento.

E no Cine Teatro, o recorte inclui “Igual/Diferente/Ambas/Nenhuma”, troca de videocartas entre as cineastas Fernanda Pessoa e Adriana Barbosa; “Rocio das Vagas”, de Rodrigo Faustini, que alterna ruídos de rádio com imagens em preto e branco de banhistas; “Não se Pode Abraçar uma Memória”, de Pedro Tavares, resgata imagens de chegadas de partidas de navios, bondes, trens e carros para falar de afetos perdidos; “Desvio”, de Flora Nakazone, realizado no Instituto de Artes da Unicamp em Super-8 registrados nos anos 1970; “No Verso tem um Céu”, de Jonta Oliveira, sobre memórias de juventude; e “Zona Abissal”, de Luísa Marques e Darks Miranda, distopia sobre fogo e destruição de um mundo em colapso.

Por fim, uma nova parceria da mostra com a TV UFOP apresenta duas sessões e um total de 8 curtas-metragens brasileiros realizados em universidades, escolas de cinema ou núcleos de formação em audiovisual.

FILMES |MOSTRA HOMENAGEM

A 16a CineOP presta homenagem este ano ao ator Chico Diaz, um dos principais profissionais do teatro, TV e cinema brasileiro desde os anos 1980 e que esteve em alguns dos títulos mais representativos dos anos 90 - década que está no centro da temática do evento em 2021. Para celebrar a carreira de Diaz, a curadoria fez um recorte de filmes que permitem um entendimento amplo da importância do ator. São: “A Cor do seu Destino” (Jorge Durán, 1986), “Corisco e Dadá” (Rosemberg Cariry, 1996), “Os Matadores” (Beto Brat, 1997), “Amarelo Manga” (Cláudio Assis, 2002), “Praça Saens Pena” (Vinicius Reis, 2008), “De Sentinela” (Katia Maciel, 1993), “Cachaça” (Adélia Pontual, 1995), “Quem Você mais Deseja” (André Sturm e Silvia Rocha Campos, 2005) e a produção portuguesa “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (João Botelho, 2020), que será o filme de abertura da CineOP. Será exibida ainda a peça de teatro “A Lua vem da Ásia”, adaptação do próprio Chico para o romance de Walter Campos de Carvalho e que teve sua primeira encenação em 2011.

FILMES | MOSTRA HISTÓRICA

A Temática Histórica em 2021 vai focar no cinema brasileiro da década de 1990, sob o título “Memórias entre diferentes tempos - O passado segundo as imagens dos anos 90”. A ideia é justamente encontrar os paralelos entre o período e este começo de anos 2020, a partir da constatação de que, após mais de 30 anos do fim da Embrafilme e da eleição do primeiro presidente por voto direto depois do fim do regime militar, há muitas camadas do país e do cinema, hoje reposicionadas, que foram semeadas como espécie de gênese desde aquela época.

Foi um período de extensa batalha por legitimação da produção local e pelas negociações com a iniciativa privada; uma época de grandes produções históricas que tentavam pensar o Brasil do passado e de filmes que abordavam assuntos do tecido social, olhando para as nossas mazelas com um tipo de lente espetaculoso, de forma a renovar a visão que se tinha do cinema brasileiro depois de seu sucateamento, potencializado na segunda metade dos anos 1980.

A curadoria de Francis Vogner dos Reis e Cleber Eduardo selecionou títulos representativos dentro desse recorte que permitam rendes discussões a partir da revisitação e que principalmente dialoguem com os acontecimentos ou ilustrem, diretamente em suas realizações, as contradições de então, em amplo sentido cultural ou estético. Entre filmes com ambições de um diálogo muito direto com um público desacostumado a cinema brasileiro e trabalhos profundamente autorais que, em suas particularidades, também dialogavam com referenciais populares, o que se tem é um conjunto de títulos que vão permitir ao espectador da CineOP repensar a década de 1990 dentro de novas possibilidades de conhecimento para o que se desenhava no cinema brasileiro.

Os filmes da Mostra Histórica são: “A negação do brasil” (Joel Zito Araújo, 2000), “Amélia” (Ana Carolina, 2000), “Baile Perfumado” (Lírio Ferreira e Paulo Caldas, 1996), “Carmen Miranda: Banana is My Business” (Helena Solberg, 1994), “Brava Gente Brasileira” (Lúcia Murat, 2000), “Carlota Joaquina - Princesa do Brasil” (Carla Camuratti, 1995), “Lamarca” (Sérgio Rezende, 1994), “O Mandarim” (Julio Bressane, 1995), “Yndio do Brasil” (Sylvio Back, 1995) e “Tudo é Brasil” (Rogério Sganzerla, 1998).

FILMES |MOSTRA PRESERVAÇÃO

Dedicada a filmes do passado, a mostra da Temática Preservação de 2021 traz títulos relevantes da historiografia do cinema brasileiro, em versões restauradas ou retrabalhadas, em diálogo com alguns debates da 16a CineOP. Um dos principais destaques é a exibição de uma nova cópia de “O País de São Saruê” (1971), clássico de Vladimir Carvalho, que carrega ainda questões urgentes de nossa sociedade. O filme será apresentado em sua versão restaurada fotoquimicamente ao final da década de 1990 pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB).

Ainda, serão apresentadas obras selecionadas por participantes de algumas das discussões que compõe o Encontro Nacional de Arquivos: a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta três episódios do programa televisivo "Revista do Cinema Brasileiro". Por sua vez, o Arquivo Nacional apresenta um documentário biográfico sobre Marechal Cândido Rondon e uma edição do cinejornal "Revista da Tela". Na mostra está também o documentário de 1993 de Ozualdo R. Candeias sobre a "Cinemateca Brasileira". Realizado em vídeo, é uma obra singular e importante que registra um momento crucial da história daquela instituição e que nos ajuda a pensar e colocar em perspectiva os desafios enfrentados atualmente. Dois outros filmes completam a mostra Preservação neste ano: uma compilação de registros do acervo do instrumentista, compositor e pesquisador Djalma Corrêa e o documentário "Circo Voador - A Nave", a partir de indicação do Acervo Circo Voador. Ambos acervos foram tratados e disponibilizados ao público.

FILMES |MOSTRA EDUCAÇÃO

Os filmes da Temática Educação se constituem de trabalhos audiovisuais que se relacionam à temática do ano e que venham de produções dos bancos escolares ou utilizadas numas relação pedagógica com alunos de todo o Brasil. Serão mais de 20 títulos apresentados durante a mostra a partir de proposições vindas do que intitula a temática este ano: “Das ruínas às utopias: processos de criação audiovisual e metodologias de ensino”, sendo 18 curtas inscritos selecionados, 3 curtas do Projeto Cero En Conducta e outros títulos do Projeto Escuela ao Cine.

FILMES |SESSÕES CINE-ESCOLA E MOSTRINHA

Mantendo o distanciamento social, as sessões Cine-Escola continuam virtuais, em colaboração com professores e pedagogos para um melhor aproveitamento dos alunos interessados, na busca pela formação de novos públicos e olhares para o cinema brasileiro, assim como a Mostrinha, que conta com títulos em pré-estreia especialmente escolhidos para agradar os pequenos e as famílias, como o longa "Passagem Secreta", de Rodrigo Grota e "Dentro da Caixinha - Segredo de Criança", de Guilherme Reis. Para ninguém ficar de fora da diversão, os filmes da Mostrinha contam com acessibilidade - Libras, audiodescrição e legendas descritivas.

Foto: Divulgação - Universo Produção

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