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FLI-BH debate a vida e obra de Drummond em Belo Horizonte
Na noite desta sexta-feira, o Festival Literário Internacional de Belo Horizonte - FLI-BH, reuniu os escritores Humberto Werneck, João Perdigão para uma conversa sobre a vida e a obra do escritor homenageado do Festival, Carlos Drummond de Andrade. Mediados pelo curador do FLI-BH, Afonso Borges, eles relataram as passagens literárias e da vida de Drummond influenciadas pela Belo Horizonte das primeiras décadas do século XX.
O Jornalista e escritor Humberto Werneck ressaltou a importância que Drummond teve para a história literária da cidade de Belo Horizonte. Segundo o autor, a vitalidade literária de BH se instaura a partir da geração de Drummond. "Drummond foi o marco inicial da vida literária de Belo Horizonte, a partir da Semana de Arte Moderna, ocorrida em 1922”.
João Perdigão relembrou episódios que marcaram a vida de Drummond no período em que ele morava na cidade. Histórias como o costume de escalar naturalmente os arcos do Viaduto Santa Tereza. “Drummond amava Belo Horizonte. Ele sempre se referia à cidade com muito carinho, ternura e gratidão", afirma.
O Festival Literário Internacional de Belo Horizonte segue até domingo com mais mesas de debate, saraus, lançamento de livros e muito mais atrações. A programação completa do FLI-BH pode ser consultada no site www.flibh.com.br.
Pensamentos ao vento de quem escreve com os pés
“Ser que não anda, ser que não fala, ser que não houve, ser não vê, o que mais quer? Um milagre?”. Este é um trecho de “Milagre”, poema que abre o livro “Pensamentos para o vento”, da escritora Priscila Fonseca. O livro fez parte da programação de lançamentos do FLI-BH e foi apresentado ao público esta noite, no hall do Teatro Francisco Nunes.
Tão sensível e fiel às palavras como todo poeta, Priscila se diferencia não somente pelo realismo de quem vive cada palavra escrita, mas pelo desafio de escrever um livro inteiro com os pés. A autora é portadora de necessidades especiais e não tem a coordenação da fala e dos membros superiores, limitações que não impediram que ela carregasse consigo dois livros publicados e um diploma.
Priscila é formada em design gráfico pela Universidade Estadual de Minas Gerais e desenhista. O projeto gráfico do livro foi o trabalho de conclusão de curso da escritora, que também ilustrou o livro. Os poemas foram escritos ao longo de sete anos e as ilustrações foram feitas com desenhos de arquivos da autora - que ressalta ser muito difícil ilustrar poemas.
“Pensamentos para o vento” é uma obra dedicada por Priscila a todos que “vivem intensamente cada momento. Para quem acredita no amor... mesmo que o mundo não demonstre sua existência.”.
Sobre corpo, gênero e sexualidade na literatura
No dia em que os Estados Unidos legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o FLI-BH recebeu a oficina “Corpo, sexualidade e gênero na literatura”, com os escritores Flávio Sanctum, Jô Lessa e Lorena Miyuki. A conversa reuniu dezenas de pessoas no Espaço Ribalta e levantou questões como conhecer o próprio corpo e a descoberta da sexualidade.
Flávio Sanctum é autor do livro “Nada mais do que isso”, obra que conta a história de um adolescente que passa pelo momento de descoberta da própria sexualidade. Sanctum acredita que “a sexualidade deve ser desmitificada desde a infância, pois as crianças têm sexualidade”. Ele ainda entende que é muito importante o festival trazer o tema para o debate, pois é possível conversar com um público em que o assunto é revelado.
Jô Lessa entende que trazer o debate para um festival internacional e público é uma iniciativa muito importante para poder discutir a questão dos transgêneros e da sexualidade fazendo com que a sociedade se pergunte sobre o tema. Lessa é transexual e autor do livro “Relatos de um transexual”. Ele ainda lembra que escolheu conversar sobre o assunto por meio do livro, pois o meio impresso nunca deixa de existir.
A escritora do livro “Você é só pra mim”, Lorena Miyuki é redatora e administradora do site “Marcado com Letras”, que divulga a literatura gay. Ela acredita que a relação entre literatura e internet é interativa e facilitadora, quanto a discutir literatura gay, ela acredita que a web favorece o anonimato de quem ainda não se expos para a sociedade.
O público participou ativamente da conversa que foi mediada pela atriz e doutora em literatura Érica Lima. Essa foi mais uma das mesas de debate do FLI-BH que ainda conta uma série de atividades neste fim de semana.
Foto: Divulgação
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