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“Reunir, em um mesmo espaço, diferentes formas de expressão com a linha é como bordar uma enorme colcha”, diz o curador, Tiago Carvalho, idealizador da exposição “(entre)Linhas”, que será aberta para o público a partir de 6 de agosto, na Casa do Baile, na Pampulha. A mostra faz parte das comemorações de 50 anos do Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH.

A exposição apresenta importantes nomes do cenário artístico e cultural que são: Lorena Leão, Rodrigo Mogiz, Júlia Valle, Esdras Aurélio, Bruna Roque, Lorena Costa, Tiago Carvalho, Helen Rödel e Carla Paoliello. A mostra exibe também trabalhos de artesãs, de Centros de Referência de Moda e de Artesanato de Belo Horizonte, que foram realizados em parceria com estudantes dos cursos de Arquitetura e de Design do UniBH. Essas bordadeiras e crocheteiras foram incentivadas a fazer releituras de suas técnicas para desenvolver novas possibilidades de uma produção mais criativa. Todos os 26 trabalhos poderão ser conferidos pelo público até o dia 31 de agosto, com entrada gratuita.

A concepção de “(entre)Linhas” surgiu a partir de um projeto de extensão universitária, em que foram discutidas as interfaces entre Arquitetura, Arte, Artesanato e Design. No Circuito Acadêmico do UniBH, realizado em maio deste ano, aconteceu a mostra intitulada “novas memórias do Antigo Baile”. Os estudantes do curso de Arquitetura apresentaram fotografias, desenhos e bordados baseados nas visitas feitas à Casa do Baile.

A qualidade dos trabalhos despertou no curador Tiago Carvalho, também professor de arquitetura do UniBH, o desejo por um projeto maior e que proporcionasse o diálogo entre alunos, artistas e artesãos dos Centros de Referência de Belo Horizonte dando a todos a oportunidade de expor seus trabalhos. “Queria que a exposição ‘(entre)Linhas’ tivesse um caráter social, só assim é possível fazer emergir relevantes qualidades da proposta: as trocas de experiências e a socialização do conhecimento.” comenta Tiago Carvalho.

OS ARTISTAS

O curador Tiago Carvalho conta que o conceito da exposição consiste em uma investigação sobre a linha, em relação às superfícies, ao corpo e ao espaço. Para selecionar os artistas convidados, levou em consideração produções que consolidam uma ampla discussão contemporânea sobre as práticas artesanais.

Rodrigo Mogiz, por exemplo, instituiu métodos próprios de bordar que se expandem em seu processo de criação, com peças de tecidos o artista plástico estabelece relações entre a rigidez tradicional da técnica e a liberdade do bordado livre.

Já a arquiteta Carla Paoliello coordena projetos de desenvolvimento criativo com grupos de bordadeiras e tecelãs em várias cidades como Ipatinga, Bom Jesus do Bagre e Brumal. As peças são inspiradas no contexto local, resgatando as identidades, o cotidiano e as paisagens.

Esdras Aurélio, por sua vez, explora o bordado em novas superfícies como o papel, as lâminas de radiografia e a própria pele. Além destes trabalhos, para a exposição “(entre)Linhas”, Esdras realizou um intercâmbio entre Londres, Salvador e Belo Horizonte com as artistas Lorena Costa e Bruna Roque, um desejo de "alinhavar" as distâncias físicas com as aproximações afetivas através da troca de postais, fotografias, cartas e mapas bordados que poderão ser vistos na exposição.

A estilista Helen Rödel explora de maneira excepcional o tricô e o crochê em sua criação elevando ao ápice as possibilidades de plasticidade que as técnicas proporcionam considerando o corpo como elemento fundamental.

Como artista, o curador Tiago Carvalho apresenta uma obra que cria intervenções com bordados em plantas naturais, o resultado gerado faz surgir abordagens sobre o tempo e sobre o verdadeiro e o falso e seus laços de aproximação.

Já Lorena Leão desenvolveu artifícios para executar o bordado em madeira. A primeira coleção de mobiliários bordados da designer retrata, através de quatro estampas, suas percepções sobre as histórias e cenários da BR381.

A designer de moda Júlia Valle, explora de forma inovadora a linha ao realizar bordados feitos com fios de cabelo, além disso, apresenta obras que nascem de uma profunda investigação conceitual e teórica sobre o fazer manual, com críticas sobre os processos de produção de grandes marcas da indústria do vestuário.

 “A linha é a plataforma de expressão escolhida para a exposição, é a linha que agrega e une todos os trabalhos. A mostra trás diversas técnicas e artistas que, disponibilizados num mesmo espaço, resultam em muitos sentidos. Espero que o visitante leia as entrelinhas”, diz Tiago Carvalho.

A exposição “(entre)Linhas” conta com o envolvimento do UniBH, dos Centros de Referências de Moda, de Arquitetura e Design, de Artesanato e de Assistência Social de Belo Horizonte, do Instituto Cultural Casa do Baile, da Fundação Cáritas de Belo Horizonte e do Instituto Cultural Manoel Antônio de Carvalho (Casa MAC) .