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Primeira edição do Circuito Gastronômico de Favelas entra para a história como um evento inclusivo que uniu, pela primeira vez, o morro e o asfalto

Com representantes de seis comunidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o festival abriu espaço para o diálogo entre as favelas, algo inédito até então. A segunda edição está prevista para maio de 2018.

Após seis etapas bem-sucedidas, que contemplaram importantes comunidades de Belo Horizonte, Contagem e Betim, chegou ao fim, no último final de semana, a primeira edição do Circuito Gastronômico de Favelas. A festa de encerramento aconteceu nos dias 16 e 17 de setembro, na Praça da Estação, localizada na região central da capital mineira.

Cerca de oito mil pessoas passaram pelo local nos dois dias de evento, que contou com a participação dos 27 atores gastronômicos que representaram as comunidades contempladas pelo projeto. As atrações musicais foram o supergrupo Samba da Vera - liderado por Manu Dias e Flávio Renegado, e que participou de todas as etapas do circuito, sempre recebendo músicos convidados de cada uma das comunidades visitadas - e a Bateria da Portela.

Preparos como porco na lama (mix de linguiça defumada, pé de porco e bacon, refogado com inhame e coberto com cheiro verde), linguiça caseira com mandioca cozida e manteiga de garrafa, costelinha defumada com ora-pró-nobis e angu, o extraordinário e inédito pó de quiabo com frango, galopé (junção de galo caipira e pé de porco cozidos, bacon e calabresa) e tilápia com salada tropical foram oferecidos a preços populares. Cada prato custou de R$5 a R$15.

A primeira etapa aconteceu no dia 6 de agosto, na Vila São Vicente, em Contagem. Uma semana depois, o projeto passou por Betim, no Jardim Teresópolis, e desembarcou em Belo Horizonte em 20 de agosto, no Morro das Pedras. Em seguida, domingo após domingo, a festa aconteceu no Alto Vera Cruz, na Barragem Santa Lúcia e no Aglomerado da Serra. Sempre com eventos abertos ao público.

Por volta de 15 mil pratos foram vendidos durante o Circuito Gastronômico de Favelas, projeto concebido pela Casulo Cultura - em parceria com a Associação Arebeldia Cultural, sediada no Alto Vera Cruz e que atua pela transformação através da cultura -, a partir da constatação de que a periferia da grande Belo Horizonte possui enorme potencial gastronômico, mas maneiras restritas de desenvolvê-lo.

Idealizadora do projeto e diretora da Casulo Cultura, Danusa Carvalho afirma que o Circuito conseguiu alcançar seu objetivo, que foi dar segurança e elevar a autoestima dos participantes. “Continuaremos na luta para desmarginalizar a favela. Em novembro daremos início ao Circuito Turístico de Favelas, em que, com a ajuda de jovens guias turísticos, os visitantes poderão conhecer as peculiaridades de cada região, como artesanato, grupos culturais e a própria gastronomia, esta impulsionada pelo Circuito Gastronômico”, anuncia.

O projeto serviu para redescobrir e valorizar a gastronomia popular. E nos últimos dois meses, os sabores, cheiros e temperos das favelas encantaram as pessoas que experimentaram os ricos pratos que estavam cheios de boas histórias e de criatividade. A festa de encerramento, inclusive, serviu de ponto de encontro entre as comunidades. Pela primeira vez, as favelas conversaram entre si.

A segunda edição do Circuito Gastronômico de Favelas está prevista para maio de 2018, e o número de comunidades contempladas passará de seis para doze.

Foto: Júlia Lanari

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