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Formatura do Teatro Universitário tem estreia de dois espetáculos: Os Negros e A Cerimônia

O grupo de alunos que encerra a passagem pelo Curso Técnico de Formação do Ator do Teatro Universitário da UFMG (TU), em 2017, estreia os espetáculos Os Negros e A Cerimônia no dia 16 de novembro, às 19h. As duas peças são adaptações de Os negros- uma clowneria, do dramaturgo francês Jean Genet, e Cerimônia para um negro assassinado, de autoria do espanhol Fernando Arrabal.

 

Neste ano, os alunos do TU formam com duas montagens em função da exigência de Genet de que sua peça fosse atuada apenas por atores negros, o que fez com que a turma fosse dividida em dois elencos, ficando o elenco de atores brancos responsável por encenar a peça de Arrabal.

 

As duas peças, representativas do denominado Teatro do Absurdo, foram escritas na década de 1950, no período pós Segunda Guerra Mundial. Em comum, elas têm o uso do metateatro, o diálogo com elementos rituais e religiosos, o protagonismo de personagens marginalizados pela sociedade e o fato de abordarem uma espécie de “banalização do mal”, que vai desde os crimes cometidos supostamente por amor pelos personagens de Arrabal até a problematização de como naturalizamos a morte de pessoas negras em Genet.

 

Este último, de maneira provocadora, explicita o quanto ainda nos importamos mais com a morte de pessoas brancas, vide a indiferença mundial em relação ao atentado da Somália em outubro deste ano, sem falar do genocídio da juventude negra brasileira.

 

É importante ressaltar que a questão racial propriamente dita é abordada apenas na peça Os Negros, de Genet. Apesar do título original de Cerimônia para um Negro Assassinado apontar na mesma direção, Arrabal parece mais interessado na bestialidade que pode alcançar um ser humano. Levantar essas questões por meio da arte foi uma forma que a escola encontrou de desvelar fatos e pensamentos que geralmente permanecem encobertos, mas que nos últimos tempos têm ficado cada vez mais evidentes em nossa sociedade.

 

A direção dos espetáculos é assinada pelo professor do TU Rogério Lopes, que optou pela montagem dos textos após constatar que metade da turma de formandos é composta por negros. “Enquanto ex-aluno negro do TU, vindo da periferia da cidade, filho de pais que estudaram apenas o antigo ensino primário, me senti provocado a colocar foco no fato de que a Universidade está mudando graças às políticas de ação afirmativas”, diz.

Destaca-se, ainda, a direção de arte realizada pela professora do TU Tereza Bruzzi que, com o professor Cristiano Cezarino da Escola de Arquitetura da UFMG, orientou uma equipe de alunos e ex-alunos do TU, bem como da graduação e da pós-graduação. Eles foram incentivados a protagonizar a criação e a execução de cenários, figurinos e iluminação por meio de disciplinas, projetos de ensino, monitorias e também da valorização de experiências anteriores à entrada dos alunos na escola. Ou seja, houve um incentivo não só do protagonismo negro, mas de todos os jovens alunos envolvidos no processo, que finalizam com a estreia no mês da consciência negra no Brasil.

Sobre o Teatro do Absurdo

Teatro do Absurdo é uma expressão formulada pelo estudioso inglês Martin Esslin, no fim da década de 1950, para agrupar peças escritas no contexto Pós Segunda Guerra Mundial que trazem elementos ligados a solidão, pavor e ineficiência da comunicação por parte do homem moderno. Tanto Os negros – uma clowneria, de Jean Genet, quanto Cerimônia para um negro assassinado, de Fernando Arrabal, subvertem a lógica formal de comunicação e entendimento racional.

Sinopses

Em Os Negros, um tribunal é instalado para que uma corte composta por brancos julgue os crimes supostamente atribuídos a um grupo de negros. Entre cômicos depoimentos e estranhas reconstituições, logo percebemos que uma grande farsa fora montada para chamar a atenção para questões raciais. Já na peça A Cerimônia,acompanhamos as peripécias de Jerônimo e Vicente em sua fantasia de se tornarem grandes atores de teatro. Na busca pelo sucesso, transformam tudo ao seu redor num palco e as pessoas em espécies de bonecos para suas bizarras cerimônias.

Sobre o Teatro Universitário

O Teatro Universitário da UFMG é uma escola de formação de atores em nível técnico que há 70 anos vem formando atores para o mercado de trabalho. A escola oferece o Curso Técnico de Teatro com duração de três anos, cuja finalização culmina na realização de uma montagem que acontece a título de estágio profissionalizante.

O TU faz parte da Escola de Educação Básica e Profissional da UFMG, estando vinculado à Secretaria de Ensino Técnico do Ministério da Educação (SETEC/MG).

Foto:Naum Produçoes

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