Eventos

Abertura da Exposição Torsos e Outros em BH

Rua da Bahia, 1149 - Centro - BH

Mumo

(31) 3277-1181

CONVITE

Dia 20 de agosto das 19h às 21h


A arte de Zélia Mendonça deriva da nova tendência que, nas últimas décadas, marcou a arte contemporânea, tanto pela audácia como às vezes pela negação da verdadeira criação estética.

Não é o caso das obras de Zélia Mendonça que, se não se vale das técnicas tradicionais, tampouco mergulha na irreverência fácil. Pelo contrário, valendo-se de objetos como bustos, cadeiras, lâmpadas, ela os transfigura, criando coisas fascinantes, ainda que originárias de nosso cotidiano. Aliás, o fascínio vem dessa transfiguração.

É, portanto, desse choque, do banal com o onírico, que nasce o encanto das obras que ela inventa. Essa invenção – ou reinvenção – seja de um torso feminino seja de uma simples cadeira – dá-se pela profusão das cores e dos elementos inusitados de que lança mão para os recobrir e nos arrastar para o sonho.

Essas obras às vezes evocam os cenários de uma espécie de teatro surreal e, ao mesmo tempo, parecem impregnadas da magia própria aos rituais da cultura negra brasileira. É, por isso mesmo, uma mescla do sofisticado e do popular.

Por Ferreira Gullar

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TORSOS E OUTROS Na morfologia de suas obras a artista plástica Zélia Mendonça incorpora elementos recicláveis de diversas cores e texturas, e cada componente assume importância estética ou simbólica. Sua postura em relação às questões ambientais determina seu desempenho, e a influencia na execução de suas assemblages.

Na eterna recorrência do novo, tal como na moda, a arte moderna é governada por uma vontade de inovar. Popularizada nos Estados Unidos já nas décadas de 50 e 60, a feitura de assemblages, como abordagem para se produzir arte, remonta às construções cubistas de Picasso nas primeiras décadas do século passado. Jean Dubuffet (1901-85) cunhou o termo referente a uma peça criada pela disposição de objetos, orgânicos ou manufaturados, com o propósito de provocar a atenção do artista e se encaixar com propriedade na sua composição.

Aqui, o poder criativo e talentoso de Zélia Mendonça expõe uma arte discursiva, sobreposta e intuitiva, abrindo-lhe novas perspectivas na solução de problemas latentes da composição. Ressaltam-se as cores, evocativas e emocionais, e as texturas que, aplicadas a objetos, alteram drasticamente a aparência geral, produzindo designs surpreendentes e verdadeiramente únicos. Podem reter algo de sua identidade original no contexto da obra, porém, o valor se interpõe entre seu significado conceitual e seus atributos visuais.

A cor desempenha papel crucial na execução das peças que, por sua vez, estimula a imaginação, enquanto as texturas atraem e despertam um exame mais apurado. Combinadas, convidam à interação e desencadeiam reações e resposta a um grafismo abstrato presente na mente inventiva da artista e na do observador.

Colecionadora e produtora de arte, Zélia desenvolveu um olhar refinado e prático direcionado à produção artística. Nascida em uma família que vive e respira arte, seu talento se manifestou cedo. Autodidata, já em 1990 desenhava móveis de sua loja fundada dez anos antes, tendo participado ativamente na criação da “Oficina de Agosto”, empresa que resgata o artesanato nacional promovendo, ao mesmo tempo, a sustentabilidade social e ambiental.

Hoje suas obras percorrem salões na Europa e encantam colecionadores nos Estados Unidos. O resultado fascina por sua abstração. ENOCH DE SOUSA NASCIMENTO CURADOR

Foto: Divulgação


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