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O ano virou e não demora para o Carnaval chegar e ocupar a cidade com corpos e blocos festivos e políticos. Daí vem o tema da primeira edição do Sarau Libertário em 2020, “Corpo na rua: Carnaval de BH”, que acontece no dia 19/01 (domingo), às 14h, no Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado. O evento, que é gratuito, conta com a participação do cantor e ator Marcelo Veronez e de representantes dos blocos Haja Amor, Corte Devassa e Rolê de Peso.

Vocalista da Corte Devassa, batuqueiro e entusiasta do Carnaval de rua, Marcelo Veronez fala do papel de libertação que a folia teve em sua vida pessoal. “O Carnaval fez este corpo existir na rua, uma coisa que eu tinha muito receio, de levar este corpo para a rua, de estar livre na rua, e é o que eu espero que o Carnaval possa fazer com outras pessoas também, o que é muito importante”, assinala, tecendo contudo observações críticas. “Tenho visto que é necessário delegar também a este corpo festivo as nossas aspirações políticas de mudança. O corpo livre tomou uma proporção que parece que ele por si só basta. E só o corpo festivo, na rua, não vai tirar a gente do buraco em que nos enfiamos”.

O artista reforça a importância de pensar o corpo político para além do plano físico. “A gente não sabe até quando a nossa perspectiva eleitoral democrática vai resistir. Então, eu acho que é a ela que precisamos dar foco. À perspectiva da democracia, da discussão, da liberdade. Da liberdade do corpo, mas principalmente de pensamento. Da arte, da escrita”, sublinha. “Neste sentido, acho o Sarau Libertário muito interessante, porque ele propõe a construção do pensamento crítico junto com a literatura, com o teatro, com a música”.

Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Sobre o Sarau Libertário

Em 2019, o Sarau Libertário realizou oito edições entre os meses de abril e novembro, que ocuparam quatro diferentes aparelhos culturais da Região da Pampulha. Participaram da temporada nomes como Luiz Ruffato, Julia Branco, Teuda Bara, Helio Flanders, Kdu dos Anjos e Bia Nogueira, entre outros. O evento mescla diferentes linguagens que se constroem a partir da palavra – como teatro, música, literatura e artes visuais – e surgiu em 2016, movido pelo desejo de criar um espaço novo e plural para artistas independentes de Belo Horizonte.

Até hoje, foram realizadas 11 edições, que contaram com a participação de 35 artistas. A lista tem ainda nomes da música, como Di Souza e Deh Mussulini; da literatura, como Lucia Castello Branco, Nívea Sabino e João Maria Kaisen; e do teatro, como as atrizes Lira Ribas e Mariana Arruda. “Começamos em 2016, com quatro ótimas edições. O tema do primeiro foi ‘Primeiras Palavras’ e o segundo ‘Cantar o Amor’. Já o terceiro foi ‘O Silêncio e o Grito’ e, o quarto, ‘Metamorfoses’”, relembra a produtora Bruna Kalil Othero.

“Em 2017, estreamos com um novo formato do Sarau, com o tema ‘Beagá em Cena’. No mês de junho, o tema foi ‘Gênero e Diversidade’ e, em setembro, ‘Poéticas da Mulher’. Para fechar, eu e o Octávio Cardozzo, que também produz o Sarau, montamos uma edição especial, chamada ‘Amor Amargo’”, completa. Em 2018, foi a vez de debater o tema "Passados & Futuros", com Ana Elisa Ribeiro, Sidarta Riani e o Bremmer Guimarães. “Também fizemos uma linda e potente edição sobre ‘Poéticas Negras’, com o professor Marcos Alexandre e a cantora Josi Lopes”, finaliza.

Foto: Paulo Abreu