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O que é fim do mundo para um, é também para todos? Em uma conferência como esta, quais assuntos estariam em pauta? Questionamentos sobre os possíveis significados de “fim do mundo”, e o papel da sociedade como agente principal desse contexto, são tema central do espetáculo 19ª Conferência para o Fim do Mundo. “Muitas vezes falamos sobre o fim do mundo como algo apocalíptico ou usamos como expressão para coisas que consideramos como tal - como a situação política atual, por exemplo - mas excluímos completamente a nossa responsabilidade sobre a questão”, explica Mariana Maioline, que assina a direção junto com Michelle Barreto. Financiada via crowdfunding, a peça estreia no dia 30 de março, sexta-feira, no Teatro espanca!, onde fica até domingo, dia 1º de abril. Depois, segue para o Teatro Marília e fica em cartaz de 6 a 8 de abril. As apresentações são sempre às 20h e o ingresso custa R$20, 00 (inteira).

Projeto realizado por um coletivo de 13 profissionais - seis deles compondo o elenco - a 19ª Conferência para o Fim do Mundo aborda, de forma leve e irônica, questões contemporâneas como os limites e contradições do conhecimento, que frequentemente é incapaz de atingir as reais questões da sociedade. Em cena, quatro especialistas participam de uma conferência que trata de tudo e de nada, passando por muitos assuntos e temas variados, mas sem nenhum aprofundamento. Aos poucos, as opressões, radicalizações e o estabelecimento de hierarquias, revelam a ausência da escuta em um ambiente que serve muito mais para a afirmação das convicções desses sujeitos, do que para o diálogo. “As diversas comunicações da conferência oferecem, como em um jogo de labirintos, várias possibilidades de discursos e opiniões, que nunca se fixam, muito semelhante à realidade do mundo moderno”, completa Henrique Vertchenko, responsável pela dramaturgia da peça.

O universo das redes sociais e seus diversos desdobramentos serviu como fonte de pesquisa e inspiração para o espetáculo tratar a fragilidade dos discursos. “Publicar um texto no facebook hoje, por exemplo, parece ser tão ou mais importante que tomar uma atitude real, cobrar dos governantes, ir pra rua”, explica Michelle. Para dialogar com essa temática, interagir com o público e levantar outros tipos de reflexão, o final de toda apresentação será transmitido ao vivo na página oficial do espetáculo no facebook e instagram.

Aprofundando a questão do limite frágil entre real e virtual, o espetáculo trabalha, com muito humor, usando como fonte de inspiração notícias e manchetes verídicas que poderiam ser facilmente inventadas. Narrativas foram criadas a partir de situações absurdas que estamparam as páginas dos sites de notícia, como a do gato Stubbs, eleito prefeito em uma cidadezinha do Alasca e a do padre que tentou ir do Paraná até o Mato Grosso do Sul segurando 20 mil balões de hélio.

A música, executada ao vivo, também é contribuição importante para a narrativa do espetáculo. A trilha sonora original foi criada pelo multiartistaBarulhista - que apesar de ter desenvolvido vários trabalhos musicais para projetos de teatro, dança e audiovisual - se apresenta pela primeira vez como ator. Além dele e das diretoras, que também atuam na peça, fazem parte do elenco, Adriana França, Naline Ferraz e Raysner de Paula.

Sinopse
Quatro especialistas estão reunidos para a 19ª Conferência para o Fim do Mundo. Eles estão no hotel mais luxuoso da cidade e estão todos atrasados. Talvez seja a última conferência que tenham a oportunidade de participar, talvez seja a última que o público poderá assistir. “Vocês se levam muito a sério. Tem tanta certeza assim do que dizem?”

Tempo: 60’ | Gênero: Contemporâneo

Foto:Elias Gibran