Notícias

DIVINA MARAVILHOSA E BATEKOO TRAZEM UMA FESTA COM DEBATE DOS MOVIMENTOS NEGRO, LGBT E FEMINISTA A BH, DIA 20 DE ABRIL

NO LINE-UP: A ANGOLANA TITICA, BACO EXU DO BLUES, BLOCO ANGOLA JANGA E DJS DA BATKOO E DIVINE, NO MUSIC HALL

A resistência identitária. Dos movimentos LGBT e feminista. Do movimento negro. É neste contexto que a Divina Maravilhosa e a BATEKOO fazem a primeira edição juntas no dia 20 de abril, no Music Hall. O line-up representa as expressões de ambas as festas, com a presença de Titica – a angolana que internacionalizou o kuduro; o soteropolitano Baco Exu do Blues – lançando o disco ESÙ;Bloco Angola Janga – que vai além do carnaval e une todos os movimentos; performances; e os DJs da BATEKOO e DJ Divine, para aquecer a noite com disputas de funk, abrindo a pista para os bailarinos.

A Divina Maravilhosa vem de um histórico de debate sobre a liberdade de gênero, dialogando fortemente com o público LGBT e feminista. A BATEKOO é uma festa nacional, que tem como bandeira o movimento preto e periférico. A união das duas frentes traz um encontro de públicos e de resistências.

“A ideia dessa parceria surgiu a partir da 4ª edição da Divina, em 2017, quando tivemos como atrações principais mulheres negras – Elza Soares, Linn da Quebrada e MC Carol. O evento foi apontado no lugar de representatividade LGBTIQ e feminista, mas também como representatividade negra. Não sou negra, não tenho propriedade para falar disso. Chamei a Gabi da BATEKOO, que tem forte atuação no movimento preto e periférico, para assinarmos juntas uma edição completamente preta e dedicada à música reconhecida como preta, o kuduro, funk, trap, o ijexá do Angola Janga”, conta Gigi Favacho, idealizadora da Divina Maravilhosa.

Mais que simples entretenimento, o evento pretende destacar artistas que dialogam com as temáticas, dar espaço, representatividade, palco, holofote. “A BATEKOO existe há dois anos em BH e é uma festa de empoderamento negro e inclusão social. Esta edição será muito importante, porque teremos uma proporção maior para reafirmar nossa política de eventos, movimentando a cena e misturando públicos”, comenta Gabi Nascimento, DJ e produtora da BATKOO.

O recorte dos movimentos não se restringe a quem faz parte deles, pelo contrário. Para que haja um debate, é necessário que mais pessoas vejam, participem, queiram eventos como este. “Precisamos falar além do espelho. De racismo com brancos, de LGBTfobia com cis e heteros. É uma conversa que não se encerra em quem necessita dela. Todos nós necessitamos de uma sociedade saudável, que paute não só o que está ao redor do seu umbigo. Por isso juntamos o movimento das viadas, das lésbicas, dos e das trans, das mulheres e dos pretos numa festa só. E essa edição ainda traz um sabor especial com uma atração internacional, a Titica, que une tudo isso: é preta, mulher, trans e vem do kuduro, uma cultura de periferia”, finaliza Gigi Favacho.

PROGRAMAÇÃO

A curadoria artística foi pautada para dar voz aos movimentos LGBT, feminista e negro, unindo as expressões da Divina Maravilhosa e BATEKOO, que assinam também como DJs.

Titica é uma cantora, compositora, dançarina e atriz angolana que ocupa o lugar de estrela-maior do kuduro, representativo estilo musical de Angola. Mulher trans, é protagonista em uma luta árdua pelo combate à transfobia. Foi indicada à categoria 'Melhor Artista Feminina da África Austral', em 2012. Com vasta agenda na Europa, África e América Latina, é considerada uma das maiores influências musicais de seu continente. Desde 2013, Titica é nomeada Embaixadora Nacional da Boa Vontade pela UNAIDS – programa da Organização das Nações Unidas orientado ao combate à epidemia de AIDS. No Brasil, já participou de diversos eventos e festivais.

Diogo Moncorvo é Baco Exu do Blues e carrega consigo uma escrita pesada e polêmica, mas baseada em suas verdades. Utiliza de absurdos e ironias para expressar dilemas pessoais entre questões sociais, fazendo de sua música um manifesto em prol de minorias. Em 2016 “Sulicídio” representou para a cena do Hip-Hop brasileiro a quebra de um padrão arraigado. Com uma poesia que não se enquadra nos moldes convencionais, lançou "999" e "Tropicália”. O novo álbum “Esú” traz autoestima, individualidade, onipotência, luxúria, sincretismo e empoderamento negro. "Metade homem, metade Deus e os dois sentem medo de mim", cita Baco na faixa que leva o título da obra, mostrando o encontro da fragilidade divina e a força humana.

O Bloco Angola Janga é um bloco de ritmos afro-brasileiros. Seu repertório inclui samba duro, samba afro, samba reggae, congo, jongo, ijexá, pagodão baiano e funks dos anos 90 e modernos em uma cuidadosa mistura de músicas clássicas de carnaval com atuais. Sempre demarcando sua ideologia de empoderamento e representatividade negra. Fundado em 2015, o Angola Janga é reconhecido como o maior bloco afro do carnaval de BH. Com estética marcante, que valoriza a cultura africana, a banda causa impacto por onde passa.

“Sempre amamos Carnaval, eu e Lucas Nascimento, co-fundadores do Angola Janga. Porém, ao tocar nas baterias dos blocos que surgiam, percebemos que éramos poucos os negros. Na expectativa de promover mudança no processo de apagamento de pessoas negras no movimento de carnaval que acontecia na cidade, criamos o Bloco Afro Angola Janga, composto exclusivamente de pessoas que se autoidentificam negras, com uma missão de valorização deste povo que criou o carnaval, na perspectiva de um empoderamento amplo e coletivo em suas práticas diárias e repertórios. O bloco teve crescimento desde então. Hoje conta com mais de cem integrantes, realiza diversas ações sociais nas escolas e periferias, e levou cerca de 150 mil pessoas às ruas no seu cortejo de 2018.”, diz Nayara Garófalo, fundadora do Angola Janga.

Foto:Nereu

Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.