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Titane e outros artistas da Associação Campo das Vertentes ministram curso gratuito de formação para pessoas interessadas na experiência artística

As inscrições estão abertas até 08.05, quarta

A Associação Campo das Vertentes (ACV) está com inscrições abertas, até 08.5, quarta, para o Curso de Formação Artística Presencial 2024. Ao longo de seis meses, os artistas Titane, Irene Ziviani, Bia Nogueira,, Rodrigo Jerônimo e Kátia Aracelle oferecem a estudantes de arte e pessoas interessadas na experiência artística, o compartilhamento de metodologias de ensino e técnicas ligadas à criação da linguagem cênico-musical, e ainda, três workshops sobre “O trabalho do ator”, “Estudos coreográficos” e “Introdução às políticas públicas e editais, e ao streaming e plataformas digitais”, a serem ministradas por Glicério do Rosário, Guidá e Ludmila Ferreira, respectivamente. Esse projeto é realizado pela Associação Campo das Vertentes, com patrocínio do Governo de Minas.

O curso é todo gratuito e será realizado de 21 de maio a 07 de novembro de 2024, no Conservatório UFMG. O resultado é uma mostra de cenas curtas, no mesmo local. A inscrição é feita por meio de formulário disponível no link (rb.gy/ccur54) e no perfil da ACV no Instagram. O candidato precisa ter idade mínima de 16 anos. Durante o processo de seleção, serão agendadas entrevistas presenciais. Será oferecido um total de 30 vagas, sendo 50% delas destinadas a negros, negras e/ou indígenas.

“Vários artistas que estão hoje na cena da capital passaram por cursos nossos. Desde 2005, quando ainda não estávamos formalizados como associação e realizamos o primeiro, o objetivo era preparar elencos para os espetáculos da Associação, tendo em vista que a linguagem cênico-musical que queríamos, ainda estava em construção”, comenta a cantora Titane, também uma das orientadoras artísticas do curso.

A partir deste movimento, surgem espetáculos como “Titane e o Campo das Vertentes” (2006), “As Santinhas e os Congadeiros (2008)” e “Galanga, Chico Rei (2012)”, todos influenciados pelo Reinado do Rosário e pela cultura do congado mineiro, além do espetáculo "Madame Satã", espetáculo criado pelo Grupo dos Dez, formado por artistas que passaram pelos cursos da ACV e dirigido por Rodrigo Jerônimo e João das Neves. “Cada vez mais cresce a procura por cursos de formação artística, em Belo Horizonte, sobretudo os chamados cursos livres. Neste caso, oferecemos processos artísticos rigorosos que exigem dedicação e disciplina, permitindo que mais pessoas possam se experimentar como artista, vivenciar e contribuir com processos de criação, sem necessariamente desejarem se profissionalizar. A ACV está aí para contribuir”, comenta Titane.

Outro aspecto que chama a atenção da cantora, durante os processos de entrevista dos candidatos, é o grande interesse pela música afromineira. “A procura costuma ser alta. Somos reconhecidos como representantes do desenvolvimento desta linguagem e neste curso vamos compartilhar a nossa maneira de ver e fazer música, de fazer dança, teatro e teatro musical”, comenta Titane.

Com carga horária de 175 horas/aula, o curso foca na criação a partir da linguagem cênico-musical - marca recorrente nos processos de montagem da Associação – apresentando aos alunos os fundamentos da música, da dança e do teatro. “Entendemos que o artista é como um corpo em movimento permanente, deslocando, perfurando, redirecionando, compactando, desfigurando e transfigurando parâmetros estéticos. A proposta é permitir que os participantes possam conhecer e acessar tais técnicas, vivendo também a experiência prática de montagem de cenas”, comenta a Titane.

Com encontros semanais até novembro, no Conservatório da UFMG, no Centro de Belo Horizonte, o projeto disponibiliza aulas sobre “Consciência Corporal e reeducação do movimento”, com Irene Ziviani , “Impulso Vocal e Improvisação Coletiva”, com a cantora Titane, “Tambores e Gungas”, com Kátia Aracelle, “Dramaturgia Musical” com Bia Nogueira, “Escritas Teatrais e Diásporas”, com Rodrigo Jerônimo, sendo que dois ou três orientadores atuam conjuntamente sala de aula. O curso contempla ainda os workshops “Políticas Públicas e Editais Streamings e Plataformas Digitais”, com Ludmila Ribeiro, “O Trabalho do Ator”, com Glicério do Rosário e “Diálogo Coreográfico”, com Guidá.

ACV – Associação Campo das Vertentes

Fundada por um grupo de artistas liderados pelo dramaturgo, diretor teatral e ator João das Neves e pela cantora e produtora musical Titane, a Associação Campo das Vertentes acumula mais de 10 anos de experiências e metodologias no teatro e na música, resultados dos processos criativos dos espetáculos montados pela ACV. Desde 2008, a entidade atua na formação e pesquisa artística, por meio de vivências coletivas, gerando produtos culturais a partir do diálogo entre artistas experientes e artistas em formação.

“O aperfeiçoamento artístico marca o trabalho da Associação Campo das Vertentes, desde a sua fundação, em 2008. A entidade nasceu como um necessário suporte aos projetos de formação artística, sempre integrados aos processos de montagem dos espetáculos, onde artistas experientes e artistas em formação vivenciam processos criativos coletivamente,” explica a cantora e produtora musical Titane.

SERVIÇO: CURSO DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA PRESENCIAL - CAMPOS DAS VERTENTES
Curso de longa duração
Inscrições: até 8 de maio, quarta
Resultados dos selecionados para o curso: 14 de maio
Período de realização do curso 21 de maio a 7 de novembro de 2024
Pelo link rb.gy/ccur54
Pré-requisito: público em geral, a partir de 16 anos
Vagas: 30 vagas, 50% delas destinadas à negros, negras e/ou indígenas.

ESTRUTURA DO CURSO
Programa de aulas: dois encontros semanais, às terças e quintas-feiras, com 3 horas de duração cada, ao longo de 5 meses. (19hs as 22hs)
Período: 21 de maio a 07 de novembro de 2024
Local: Conservatório da UFMG - Av. Afonso Pena, 1534 - Centro - Belo Horizonte/MG
Carga horária total: 175 horas/aula, organizada em duas etapas. 

1a etapa: 
Compartilhamento de técnicas, investigações artísticas, experimentação, criação e domínio de processos criativos. E formação complementar em 3 workshops intensivos, sobre “O trabalho do ator”; “Estudos coreográficos” e “Introdução às políticas públicas e editais, e ao streaming e plataformas digitais”.

2a etapa:
Criação e finalização de cenas curtas e realização de uma Mostra de final de curso aberta ao público.
Duração total: 6 meses 

Conteúdos abordados no curso:

1) CONSCIÊNCIA CORPORAL E REEDUCAÇÃO DO MOVIMENTO 

Artista-orientadora: Irene Ziviani

A oficina de consciência corporal e expressão artística, proporciona ao/à aluno/a o contato com técnicas que impulsionam e estimulam a percepção de apoios e impulsos, articulações ósseas, densidade e volume físicos, percepção da gravidade e forças de oposição geradoras de movimento. Ela faz um contraponto entre a concepção de ocupação espacial, expressividade e vigor de movimentos potencializando as diferentes formas de práticas artísticas. Nosso corpo é um organismo unificado, onde cada parte é importante para o todo. Cada segmento estabelece uma relação com o próximo, principalmente através das articulações. Certamente uma rigidez em qualquer uma delas trará um desequilíbrio do conjunto, pois são espaços articulares que possibilitam que o movimento aconteça. Reconhecer as sensações que são sinalizadas - articulares, musculares ou sensoriais - pelo nosso corpo reflete principalmente no caso do artista, o reconhecimento de seu próprio instrumento de trabalho. 

2) IMPULSO VOCAL E IMPROVISAÇÃO COLETIVA 

Artista-orientadora: Titane

Esta atividade compartilha a técnica que Titane desenvolveu ao longo de sua carreira como cantora e de sua atuação como preparadora de elencos e diretora musical de espetáculos. Nesta oficina, os/as participantes irão tomar contato com princípios e procedimentos técnicos ancorados na consciência corporal e na relação entre emissão vocal e sentido cênico. A voz entendida como extensão de um corpo em movimento. Tendo a emissão vocal como ponto de referência, em estreita relação com a consciência corporal, esta oficina permitirá ao aluno acessar os diferentes elementos corporais implicados na emissão da voz. Esta prática procura o desenvolvimento de um fluxo interno único, gerador de movimento, capaz de impulsionar voz, braços, pernas, olhares, gestos e melodias. Movimento este que, uma vez desencadeado, gera firmeza e dinâmica vocal, sentido musical e ocupação de espaço cênico. 

3) TAMBORES E GUNGAS 

Artista-orientadora: Kátia Aracelle

Esta atividade propõe a aproximação com a cultura do Reinado do Rosário, informando e refletindo sobre as relações entre o próprio Reinado, a arte e suas fontes ancestrais. As horas de trabalho serão dedicadas ao conhecimento das toadas e da rítmica congadeira, e à prática de instrumentos de percussão – especialmente, gungas, tambores e patangomes – sempre associados ao canto e ao movimento. Atenção especial é dada tanto à performance individual, quanto ao movimento sonoro coletivo. 

4) DRAMATURGIA MUSICAL 

Artista-orientadora: Bia Nogueira

Esta atividade pretende compartilhar a técnica de pesquisa de linguagem desenvolvida pela atriz e diretora Bia Nogueira nos processos de montagem do Grupo dos Dez (grupo criado por artistas formados pela Associação Campo das Vertentes), técnica esta identificada pela artista como uma Dramaturgia Musical. São propostos procedimentos técnicos a partir da investigação da sonoridade de objetos cênicos (a exemplo dos leques, vassouras e cadeiras presentes na produção da sonoridade de Madame Satã), das relações entre gesto e produção sonora, entre voz e construção de personagens, entre corporeidade negra e movimento cênico-sonoro. 

5) ESCRITAS TEATRAIS E DIÁSPORA 

Artista-orientador: Rodrigo Jerônimo

A atividade apresenta um panorama histórico da recente produção de textos teatrais e montagens de espetáculos conduzidos pelo olhar da negritude, redimensionando contemporaneamente a presença da cultura negra na cena artística brasileira, observando com mais detalhe a produção feita em Minas Gerais. A partir deste contexto, são aplicadas diferentes dinâmicas para a construção de textos e dramaturgias, sempre embasados na pesquisa sobre corporeidade negra. Para além disso, em estreita relação com a música e o teatro, esta atividade pensa a palavra escrita e cantada, seja como ponto de partida para construção de cenas, seja como sonoridade surgida dentro de movimentos cênicos já desencadeados. 

6) FORMAÇÃO COMPLEMENTAR - WORKSHOP POLÍTICAS PÚBLICAS E EDITAIS, STREAMINGS E PLATAFORMAS DIGITAIS 

Orientadora: Ludmila Ribeiro

Esta atividade irá informar sobre o surgimento das políticas públicas para a cultura e seus desdobramentos em editais, orientando os participantes no entendimento e na prática de concepção e formatação de projetos. Irá também introduzir questões relacionadas à publicação e circulação de obras artísticas no contexto digital. 

7) FORMAÇÃO COMPLEMENTAR - O TRABALHO DO ATOR 

Orientador: Glicério do Rosário 

Esta atividade irá abordar o trabalho cotidiano do ator, sua preparação física e sua pesquisa em torno da criação de seus personagens (a observação de tipos, a investigação e desenvolvimento de comportamentos corporais e a composição final). 

8) FORMAÇÃO COMPLEMENTAR - DIÁLOGO COREOGRÁFICO 

Orientadora: Guidá 

Dentro de um contexto de pesquisa, experimentação e prática em torno das corporeidades negras em seu diálogo com as culturas indígenas e a contemporaneidade urbana, esta atividade irá se debruçar sobre a utilização de objetos e instrumentos de percussão na construção de movimentos cênicos e coreográficos.

SOBRE A ASSOCIAÇÃO CAMPO DAS VERTENTES

A Associação Campo das Vertentes - ACV foi formalizada em 2008, para atender a processos artísticos desencadeados desde 2005, no Parque Lagoa Do Nado, por um grupo de artistas, técnicos e produtores. Nestes processos, este coletivo experimentava, pela primeira vez, realizar cursos de iniciação artística que permitiam aos alunos vivenciar experiências também de montagem de espetáculos. 

Com a criação da Associação, este trabalho se intensificou, ampliando-se também para o interior do estado - a exemplo das cidades de Oliveira, Itapecerica, Divinópolis e Contagem - consolidando metodologias, contribuindo eficientemente para o encaminhamento de vocações e a profissionalização de jovens artistas.

As atividades de formação artística foram, portanto, um dos motivadores para criação da Associação Campo das Vertentes. Os resultados alcançados pela ACV ao longo destes anos, estão evidenciados nas publicações dedicadas ao registro de seus processos criativos, nos vídeos postados nos canais da entidade, nos depoimentos de artistas que hoje, com suas carreiras já consolidadas, reconhecem a presença definitiva dos cursos da Associação Campo das Vertentes na sua formação artística e profissionalização. 

Durante a pandemia, a entidade assumiu o desafio de desenvolver metodologias de compartilhamento de técnicas artísticas no ambiente virtual, optando por cursos de curta duração. Agora a proposta é retomar as dinâmicas de formação e criação artística da Associação, investindo em cursos com carga horária maior, onde se pode aprofundar nos estudos técnicos e, ao mesmo tempo, avançar no desenvolvimento da linguagem cênico-musical. 

É fundamental dedicar esforços que concentram nas salas de aula, experiências consistentes, rigorosas e exigentes, que deem ao aluno a oportunidade de se experimentar enquanto artista criador, que permitam a ele compreender a complexidade dos processos criativos, que o amparem nas angústias e dúvidas inerentes à suas escolhas profissionais. 

Minas Gerais tem uma cultura artística exuberante, com lastro ancestral e inserção no mundo contemporâneo. A linguagem cênico-musical, que aqui se desenvolve de maneira genuína, tem aliciado públicos e influenciado grupos artísticos em todo o país. É fundamental abrir para os nossos artistas oportunidades de formação, investigação e aperfeiçoamento de recursos técnico-artísticos, para que esteja sempre instrumentalizado e preparado para atuar profissionalmente

Foto: Luiza Palhares

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