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Gravador e desenhista Marcelo Grassmann é tema de exposição na casa – obras sobre papel, a partir de 29/8

MOSTRA TRAZ 41 OBRAS DO UNIVERSO MÍTICO DO ARTISTA, ENTRE ELES, 15 DESENHOS INÉDITOS PARA O PÚBLICO MINEIRO

Mais de 40 anos depois de sua última exposição individual em Belo Horizonte, o gravador e desenhista Marcelo Grassmann (1925-2013) retorna como protagonista solitário na cAsA – Obras Sobre Papel. A mostra “Grassmann: Do desenho à gravura” entra em cartaz a partir 29 de agosto, com 14 impressões de matrizes em metal, 12 xilogravuras e 15 desenhos, um recorte que traz um amplo panorama do legado do artista.

“Conhecido principalmente pela força de suas gravuras em metal, Marcelo Grassmann se estabeleceu como uma referência entre os gravadores no Brasil. Era um artista atuante e generoso, que não escondia suas técnicas e muito menos seu trabalho”, pontua o curador da mostra, Alê Fonseca, fotógrafo, gravador e um dos idealizadores da cAsA – Obras Sobre Papel. De traço livre e despojado, o artista deixa obras integradas a um universo mítico e arcano, presenteando o público a figuras de damas, monstros, cavaleiros, cavalos, entre outros.

“Grassmann lutava para que a fluidez de sua inventividade e de seu desenho chegasse às matrizes e cópias de suas gravuras, preservando os atos da mão do gravador e instigando o observador ao pensamento do desenhista. Com o tensionamento do espaço entre as duas práticas artísticas, ele consegue tirar o melhor de cada técnica, aliando a fluidez do traço de desenhista com a densa e profunda materialidade plana da gravura”, observa Alê Fonseca. O curador ainda chama a atenção para o fato de que a prensa de Grassmann foi feita em Belo Horizonte, por Antal Schober, sogro do artista e que dá nome a uma rua do bairro Indaiá, na região da Pampulha.

A exposição na cAsA – Obras Sobre Papel se inicia com os 15 desenhos, completamente inéditos para o público mineiro. “O conjunto, bastante representativo de sua última fase, é uma riquíssima demonstração da potência de seus traços, as manchas e a busca por variações, sobretudo na imaginação, por onde Grassmann reengendrou com muito frescor seus personagens. É o embate entre o grotesco e o sublime”, define George Rembrandt Gutlich, professor adjunto de Gravura em Metal na Escola de Belas Artes da UFMG.

Na sequência, a exposição revela a seleção de gravuras, o que permite ampliar a compreensão sobre suas técnicas e seu imaginário. Por fim, estão expostas as impressões das matrizes em metal, confrontando a ação direta da mão sobre o papel às imagens estampadas. “Por esta aproximação, pretende-se apresentar a ideia e o labor manifestados em diferentes suportes e, desta forma, como se estabelece uma unidade no conjunto da obra”, diz Gutlich.

Amigo próximo de Grassmann, Gutlich relata que o artista refletia constantemente sobre a função do desenho em sua obra, sobre a hierarquia do que comandava, a ideia ou a mão – em seu arcabouço de lembranças, passeavam tanto o expressionismo alemão quanto às lições apreendidas com primorosos artesãos italianos. “O desenho, no entanto, comandava a imaginação florescente. E deveria ser tortuoso. Em consonância à sua própria opinião, fazia brotar linhas serpenteantes de muitas espessuras, por onde seguiam as aguadas em sépia. O contato do crayon no papel, por sua vocação plástica, evocava atmosfera pictórica do sfumatto, no desafio constante de opor planos a modelados”, descreve ele.

Grassmann ainda associava referências aparentemente antagônicas em sua obra, de exemplos da arte contemporânea ao ofício silencioso. “Com isto, compôs um repertório único, fugiu dos modismos e se afirmou por um repertório antes universal que local, pela vastidão de seu pensamento”, descreve Gutlich.

SOBRE O ARTISTA:

Marcelo Grassmann nasceu em São Simão (SP), em 1925. O artista se estabeleceu como referência entre os gravadores brasileiros, principalmente pela força de suas gravuras em metal e xilogravuras, mas também trabalhou com desenhos, ilustrações e litogravuras. Teve influência de Oswaldo Goeldi, Lívio Abramo e Gustavo Doré, além de ter frequentado academias no Rio de Janeiro, em Viena e em Paris. Sua temática inicial era marcada por arabescos, mas, posteriormente à série “Cavaleiros noturnos” (1949), passou a visitar o universo fantástico e medieval, com figuras como heróis e cavaleiros, damas e sereias, harpias e demônios. Participou de duas exposições coletivas no Museu de Arte da Pampulha, na 1ª Exposição da Jovem Gravura Nacional, em 1965, e no 21º Salão de Belas Artes, em 1966; além do 1º Salão Global de Inverno do Palácio das Artes em 1973. Recebeu sua primeira e única individual em Belo Horizonte, até o momento, na Escola Guignard, em 1977.

Foto: Marcelo Grassman

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